domingo, 29 de março de 2009

MARCO MOTA






Estou convencido de que o sucesso é uma conseqüência de causa e efeito, isto é, estabelece-se um objetivo e, com força de vontade, perseverança e tenacidade, persegue-se a conquista do ideal estabelecido. Os orientais definiram, com muita propriedade, esta assertiva: "Faze o que deves e conquistarás o que desejas". Entretanto, não posso deixar de reconhecer que determinadas pessoas, independentemente da genética, nasceram fadadas ao triunfo.

Marco Antônio Mota Gomes é um desses privilegiados. Adolescente, era exímio jogador de futebol, atleta do time juvenil do CRB. Recebeu, inclusive, propostas de clubes do Rio de Janeiro e São Paulo. A medicina falou mais alto. Especializou-se em cardiologia. Professor da Escola de Ciências Médicas de Alagoas, membro ativo da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, foi Presidente Latino-Americano do Movimento Familiar Cristão (MFC).

Articulista de O Jornal, granjeou, de imediato, um número enorme de admiradores graças à beleza da mensagem de suas crônicas. Reuniu algumas delas em seu primeiro livro, Falando de Coração. Destaco alguns tópicos da crônica "O simples e o evoluído”, que revelam o escritor nato: Evolução é o estágio superior do amor e só pode ser encontrado nas pessoas que partem do simples e se desviam do complexo. Algumas pessoas podem fazer o caminho do simples para a complexidade, e até voltarem para o simples para de novo seguirem evoluindo, e isso é chamado de sabedoria. As coisas evoluídas são complexas, e as pessoas que evoluem são sábias.

Evidencio o resgate que fez do mandacaru, cacto que simboliza, na imaginação popular nordestina, o egoísmo, pelo fato de não proporcionar, na aridez da caatinga, nem sombra, nem encosto: Os sertanejos são conhecedores do simbolismo e das riquezas do mandacaru. Planta que retrata bem o sofrimento de um povo, de uma raça e de uma geração que resiste ao tempo e teima em continuar vivendo. Planta um pouco esquisita, para quem nunca viu. De uma beleza exótica e nem sempre admirada por todos. O local escolhido pelo mandacaru para criar vida é sempre onde a vida é uma hipótese remota. Surge como uma "teimosia". Parece querer dizer que é possível nascer e se desenvolver em meio a tanta desesperança. Consegue ser verde onde a cor predominante é a do chão queimado e o colorido é visão, vista turva, delírio. Cresce forte e se protege dos predadores gerando espinhos finos e afiados, e o mais impressionante é que consegue num gesto inexplicável dar uma flor de rara beleza, embora não exale perfume.

Oferece-nos uma bela definição do amor: Eu prefiro pensar que o amor nunca acaba. O amor existe, muitas vezes transparente numa relação harmônica e, às vezes, escondido em relações conflituosas e difíceis. O amor parece-me muito mais uma possibilidade humana inesgotável e um estágio permanente de luta para a conquista de felicidade do que mesmo um valor mensurável de afeto que possamos ter por alguém. Visto desta forma, o amor surge muito mais como essa possibilidade de cada indivíduo buscar ser feliz, implicando em que essa busca esteja sempre relacionada com o outro que desejamos, também, fazer feliz. O amor não aprisiona o amante nem o amado. O amor liberta.

No Dia Internacional da Mulher, destaca Anita, uma criatura inesquecível, cuja amizade eu tive o privilégio de receber: A minha vida já foi marcada por um amor especial por uma mulher que hoje permanece "ressuscitada" em minha memória e só depois de vinte e quatro anos de nossa "separação", resolvi revelar publicamente. Com ela aprendi a ser homem e a distinguir o certo do errado: com ela aprendi a ser solidário e a ter um coração disponível para entender o outro; com ela aprendi a rezar e a acreditar que a oração move sempre o indivíduo ao encontro de seus problemas, sem alienação; mas com ela aprendi, principalmente, a conviver com os meus defeitos e tentar superá-los, aí acho que é onde reside a minha maior virtude.

Marco Antônio, em sua simplicidade, considera-se apenas um contador de histórias, mas, na verdade, nos oferece ensinamentos para encontrar o simples, pois é através dele que encontramos o caminho para Deus.

CNBB diz que ninguém foi excomungado no caso de aborto da menina de 9 anos

Apesar de o arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, ter anunciado a excomunhão dos envolvidos no caso da menina de 9 que fez aborto por ter sido estuprada pelo padrasto , na quinta-feira a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou que ninguém foi punido pela Igreja. Numa tentativa de minimizar os efeitos das declarações de Dom José Cardoso Sobrinho, a CNBB alegou que o arcebispo apenas teria avisado que a conduta dos envolvidos poderia resultar na excomunhão.

Para a CNBB, a polêmica em torno das declarações do religioso tiram de foco o centro do problema: a violência que a menina vinha sofrendo há três anos dentro de casa.

- Na verdade, o bispo não excomungou ninguém. O bispo anunciou que esse tipo de ato traz consigo, pelas normas católicas, tal possibilidade. Tenho certeza de que Dom José não teria, de forma alguma, a intenção de ferir quem já estava ferido, mas de chamar a atenção justamente para um certo permissivismo que faz com que a vida do nascituro não seja considerada - disse Dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da CNBB.

- O seu grito e o seu desabafo em torno da excomunhão em nenhum momento se dirigiram às vítimas. Tenho certeza de que Dom José não quis ferir quem já estava ferido - repetiu Dom Dimas Lara Barbosa, secretário da conferência.

Para ele, a intenção do colega era chamar a atenção para a permissividade que levaria as pessoas a desconsiderar a vida de quem ainda está no ventre da mãe.

Dom Dimas disse que a menina, por não ter consciência, e sua mãe, por ter agido "sob pressão", não podem ser excomungadas. Já no caso de médicos que declararam ter intenção de praticar regularmente o aborto, vale a punição da Igreja, segundo o religioso.

No caso do padrasto que vinha abusando da menina e de sua irmã há vários anos, automaticamente ele já estaria "fora da comunidade" por não partilhar dos dogmas da igreja, segundo Dom Dimas.

Na tentativa de reparar o dano à imagem da Igreja, uma semana após as declarações do arcebispo, que chegou a dizer que o estupro é um crime menor que o aborto, a CNBB afirmou que o estupro é um "pecado mortal". O presidente da CNBB explicou que o estupro não é um crime penalizado com a excomunhão, mas que todos têm conhecimento da gravidade do ato.