quinta-feira, 8 de outubro de 2009


POUCOS CRAQUES, MUITO CRACK

Semana passada, estive reunido com um grupo de alunos e professores da Uncisal. O objetivo foi conhecer e avaliar Projetos de Pesquisas e de Intervenções em Unidades de Saúde do II Distrito. Esse projeto é coordenado pelo professor Paulo Medeiros. Confesso que fiquei surpreso e feliz com a criatividade dos alunos e a riqueza de idéias postas para discussão.

No entanto, saí daquela reunião chocado com o depoimento de um grupo que atua numa área bem próxima à nossa universidade. O relato sobre a violência me emocionou. Quanto aos números, não os tenho guardados em minha memória, mas a quantidade de assassinatos por mês dá uma idéia aproximada do tamanho da violência ali estabelecida. Áreas de domínio do trafico de drogas, onde predomina o crack. Um dos projetos já desenhados para intervenção está paralisado por questões de segurança dos alunos envolvidos. Determinados acessos apenas são permitidos depois de negociação com o “chefe” do trafico. Tudo isso, reafirmo, em áreas vizinhas à nossa instituição.

Dias depois assisto a escolha do Brasil para sediar as Olimpíadas 2016. Tomo conhecimento de que para sediar um evento desse porte o país escolhido deverá fazer investimentos na ordem de 26 bilhões de dólares. Assisto a emoção de nossos dirigentes com a conquista desse direito. Também me alegro, o sentimento de ser brasileiro fala mais alto.

No entanto, temos outras prioridades. Imaginem o Brasil todo envolvido na luta de combate ao trafico, usufruindo de recursos dessa monta e somado ao sentimento de patriotismo que uma batalha olímpica sempre desperta.

Todas as chamadas que já anunciam 2016 utilizam jovens que chegarão nesta data com capacidade de participar dos jogos e competir por medalhas. É essa mesma juventude que hoje perde a guerra para a violência das drogas.

No nosso Estado, a participação maior é do crack. Somos, nesse presente momento, dominados por grupos de traficantes que fazem a maratona ao contrário. Ao invés de formar craques para conquistar o maior número possível de medalhas em 2016, eles alimentam a geração de crack`s, que se não for contida nos oferecerá medalhas de vergonha, choro e decepção.

Porque Chicago foi a primeira cidade “derrotada”? A população de lá, instruída e mergulhada na crise, disse não a uma possibilidade de aprofundamento da situação com gastos desnecessários. Não afirmo que o Brasil também deveria dizer não a sediar esses jogos em 2016, mas ao menos deveria “acordar” desse sonho olímpico (necessidade de formar rapidamente uma geração de craques), e viver desde já a olimpíada de seus desafios prementes. Entre eles, a do excesso de crack.

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