quinta-feira, 26 de março de 2009

ARCEBISPO CELEBRA MAIS UMA MISSA PELA PAZ

O arcebispo metropolitano de Maceió, Dom Antonio Muniz Fernandes celebra nesta quinta-feira (26), às 18 horas, na Catedral de Nossa Senhora dos Prazeres, no Centro, mais uma edição da Missa Pela Paz.

A organização dos ritos está a cargo das equipes litúrgicas das Paróquias de Nossa Senhora de Lourdes, no bairro da Gruta de Lourdes e Menino Jesus de Praga, no Pinheiro.

Essas paróquias englobam todas as comunidades da região do Farol, além dos bairros do Ouro Preto, Novo Mundo, Santo Amaro e Canaã.

O objetivo da Celebração Eucarística é criar na sociedade com uma cultura de paz, para que sejam formuladas maneiras de minimizar a violência, que cresce a cada dia no Estado.

A missa acontece toda última quinta feira de cada mês e durante a celebração são apresentados os nomes, para uma prece especial, de todas as pessoas que foram vítimas da violência, nas respectivas comunidades, para que os estragos provocados pela criminalidade sejam de alguma forma minimizados por Deus.

Quando a celebração eucarística termina, Dom Antonio Muniz recebe lideranças das comunidades e autoridades competentes, para que sejam discutidas alternativas para se combater a violência nessas localidades.

ONDE MORAS?

“A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida”, dizia o poeta Vinícius de Moraes. Lendo e meditando o Evangelho, poderíamos dizer, parafraseando esse grande compositor, que a “vocação cristã é a arte do encontro com a/nossa humanidade, embora haja tantos ‘desencontros’ na Igreja”...

A passagem de referência, na qual fundamos – evitando, na medida do possível, o ‘fundamentalismo’ – a afirmação anterior, são os versículos 35-42, do capítulo I do Evangelho da Comunidade de João. Ela situa-se entre o testemunho de João Batista e as bodas de Canaã, em meio a uma série de buscas e encontros, pautados pelas palavras dos envolvidos nessa dinâmica:

- “Eis o Cordeiro de Deus”. Cordeiro é também servo. João, que encontrara o Nazareno fazendo fila no Jordão, aponta para Jesus, reconhecendo nele o servo sofredor e provocando a reação de dois discípulos seus. Estes, aceitando o testemunho-provocação do precursor, por própria iniciativa, vão trás Jesus.

- “O que vocês estão procurando?”. Acontece outro encontro: os discípulos vão em frente e Jesus olha pra trás. Convergência: eles vão, Ele vem. O motor que dinamiza e possibilita a experiência é a busca, a inquietação, o honesto e sincero desejo de encontrar, a permanente abertura... As primeiras palavras de Jesus, no Evangelho de João, são uma pergunta radical, sem cuja resposta a vida carece de sentido!

- “Mestre, onde moras?” Surpreendentemente, os discípulos parecem não estar interessados em doutrinas ou teologias. Não perguntam quem é Jesus, mas onde ele mora, donde ele aprendeu a ser mestre. Interessa-lhes a vida, com suas riquezas e condicionamentos.

- “Venham, e vocês verão”. Jesus não indica um lugar fixo, estático, fechado. Nem cátedras nem catedrais. Exige uma atitude dinâmica, de permanente atenção e de promessa cumprida no fim de um processo. Ele é o Mestre peregrino, que não tem onde reclinar a cabeça. É a Palavra que “se fez carne, e habitou entre nós” (Jo 1,14). Sua morada é a humanidade! Só se descobre o “lugar” onde Deus mora humanizando-se!

Só se pode ser discípulo de Jesus sendo cada vez mais “gente”... André (homem = humanidade) e o outro discípulo “permaneceram com ele”, a partir daquele encontro, quando o sol começava a declinar, nas proximidades da noite... Faz-se experiência do encontro na incerteza do futuro, na assunção do risco, quando as dificuldades batem à porta, quando o caminho se estreita e o horizonte parece sumir da vista. Permanência é fidelidade.

- “Nós encontramos o Messias”. Mais um encontro. A verificação da experiência pessoal passa pelo crisol da comunidade. Se o encontro é autêntico, outros encontros acontecerão. O exemplo arrasta!

- “Você é Simão, o filho de João. Você vai se chamar Cefas”. Encontrando Jesus, encontrando os outros, encontramo-nos a nós mesmos! Reconhecemos a nossa identidade e assumimos a nossa missão: inserir-nos na corrente do seguimento e do testemunho daquele que veio de encontro à nossa humanidade, assumindo-a, para que todos encontrem nele vida!

- “Siga-me”. Ai, sim! Depois de vários encontros, vem a confirmação de um chamado – mandamento que exige total disponibilidade a fazer caminho... caminhando.

- “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu...”. De encontro em encontro, a fé nasce, se fortalece e se expressa com autenticidade. Só tem o legítimo direito de proclamar que o homem histórico chamado Jesus de Nazaré, o filho do carpinteiro José, é o Servo de Javé, o Mestre e o Senhor, quem percorreu com Ele o caminho da humanização e quem está disposto a abraçar, como o sentido da própria caminhada, a tarefa de fazer deste mundo de desencontros um mundo mais humano!

Muitas vezes o texto em questão foi e continua sendo alimentando certos fundamentalismos “vocacionais”. Vocação não é busca de privilégios nem alienação. Vocação, em João, não é fruto de uma simples experiência particular nem da revelação individual de Deus, mas processo comunitário. Ela nasce do testemunho daqueles que, buscando sinceramente, encontraram... E as nossas comunidades cristãs, propiciam realmente o encontro com a humanidade, o seguimento de Jesus e o testemunho-missão? Ou tornam-se, cada vez mais, guetos onde a comodidade, o intimismo e a fuga – camuflagem do desencontro – se refugiam?
Gustavo Covarrubias Rodríguez
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