sábado, 6 de novembro de 2010


Quem pertence, não vive só!

A duas semanas atrás viajei junto com minha esposa e filhos para o casamento de meu primo Rino. A cerimônia realizou-se em Feira de Santana, a princesinha do sertão. Lá estávamos todos, pela primeira vez em muitos, muitos anos. Conseguimos colocar na mesma sala o que  restava da família por parte de meu pai, os últimos descendentes da célula mater que nos originou.

 Que oportunidade tivemos. Relembrar o nosso passado, brincar sobre nosso futuro, chorar nossas perdas, rever quem está mais bonito, rir da barriga dos outros, ser solidário com quem precisa, conhecer, ou quem sabe, reconhecer os que há tempos não víamos. Abraçarmos uns aos outros - O abraço é uma das mais verdadeiras formas de carinho - foi um final de semana especial.

 Fechando os olhos  percebi a presença de meus queridos avós em cada um de nós. O riso aberto de minha tia lembrava meu avô Julio, o aroma da comida tão bem ensinada por dona Izaura às filhas, tinha cheiro de avó. Sim estávamos cheios de felicidade.

 Nestes momentos Deus oportunamente nos dá uma "puxada de orelhas". Relembrando agora, o momento onde todos cantávamos parabéns para minha prima Luna, notei claramente o sorriso com os olhos de todos os presentes, forma espontânea de demonstrar felicidade.  Me questiono: por que algumas pessoas fazem a opção pela "solidão acompanhada" ou por uma vida simplesmente só? sem ninguém para dividir na caminhada o peso de nossa humanidade.

 Penso que existem dois tipos de solidão. A primeira é aquela imposta pelos acontecimentos da vida, pela fragilidade que permeia nossa existência terrena. Às vezes, ficamos sós, sem termos nenhuma participação nisso. Simplesmente a força invisível que nos cerca age, por mais que tentemos não encontramos respostas para a ausência dos que amamos. Saudosos ficamos.

  A segunda , essa que me refiro acima, tem um pouco de nossa culpa, sendo a mais cruel. As atribulações da vida nos levam à cegueira funcional, ou quem sabe, possamos chamar de cegueira emocional. Deixamos de perceber que ao nosso lado esta faltando alguém que nos quer bem e, por imposição nossa, vive distante, esperando somente nossa aproximação, querendo um afago, um carinho, ser ouvida. O custo disso: nosso tempo.

 Espero que a alegria que descrevi do encontro com minha família, seja um agente motivador para que alguém que leu esse texto resgate o carinho e a atenção pelos seus próximos.

 Abrace logo quem você ama e há muito tempo não vê. Se não pode, pela condição geográfica que se encontra, reze uma pequena oração com intensidade. Deixe o espírito leve, solte-o, faça com que ele vá encontrar quem esta longe, ao menos em pensamento.

 Depois, assim que puder, pegue o telefone. Faça a ligação. Respire fundo. Fique cheio do Espírito Santo. Quando a voz conhecida atender do outro lado da linha. Sorria com “os olhos”.  Diga carinhosamente: 

- Alô,

- Como vai você, quantas saudades...

 Você pode até achar pouco. Mas, carinho e atenção, não se encontram em Delivery . O Amor ao próximo se constrói com pequenas ações.