terça-feira, 22 de dezembro de 2009


Os pais andam muito apressados e ocupados com suas obrigações e distrações dentro e fora de casa. Não sobra muito tempo para a atenção e diálogo com os filhos. Mesmo em casa, se gasta muito tempo com a TV e suas novelas, em aparelhos espalhados pelos espaços de cada um, desperdiçando um possível tempo de convivência diante da telinha que oferece interessantes assuntos para uma boa conversa entre pais e filhos. Também o computador, ou computadores... induzem a essa dispersão na convivência familiar.
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PORMONET PARA CRIANÇAS
Helio e Selma Amorim*
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Sobre os computadores há uma faceta pelo menos inquietante. Parece que pais e educadores ainda não se deram conta. Nada se fala sobre isto: a pior e mais escrachada pornografia está ao alcance de qualquer menino ou menina de 10 anos que saiba manejar computadores e acessar a Internet. Ou seja, quase todas. As crianças e adolescentes de hoje manejam com impressionante agilidade essas ferramentas, ainda misteriosas para os mais velhos. Visitam sites muito interessantes de museus, história natural, ciências e mil outras páginas temáticas úteis, educativas e bem feitas. As escolas incentivam os alunos à pesquisa na Internet, e fazem bem em orientá-los para isso. Viajar na Internet exerce um verdadeiro e justo fascínio para crianças e adultos. Para acessar esses sites, a criança só precisa conhecer o endereço. Nada mais que duas palavras que indicam a página e o provedor. Por exemplo: para ler tudo que um jornal publica, cada dia, basta colocar no espaço apropriado as letras mágicas: www.nomedojornal.com.br. Logo surgem as manchetes, todas as seções, notícias e artigos do dia e das edições anteriores.
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Mas também basta conhecer o endereço de um site de acesso à pornografia para surgir na tela, gratuitamente, sem nenhuma senha de proteção, uma fantástica quantidade de fotos e vídeos pornográficos de quase todos os países. Fácil: os endereços correm de boca em boca. Cada endereço leva a centenas de outros. São toneladas de imagens com todo tipo imaginável e não imaginável de perversões sexuais, envolvendo todas as composições possíveis de sexo homo e heterossexual, travestis em ação, sodomia, sadismo, sexo grupal em todas as suas modalidades mais degradantes e deformadas. Todas essas imagens podem ser impressas, naturalmente.
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É a beleza da sexualidade humana descaracterizada e desumanizada, para a alegria mórbida de personalidades geralmente desestruturadas psicologicamente. Ou para excitar e responder à curiosidade de crianças e adolescentes. Este é o problema maior.
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Calcula-se que se podem acessar gratuitamente, em torno de 500 mil fotos e vídeos pornográficos, quantidade impossível de consumir, durante toda a vida, nem mesmo pelo mais fanático observador ou “voyeur” que dedicasse todo o seu tempo a esse consumo desvairado. Sem contar que muitos desses sites, ou páginas, informam que suas 50 ou 100 fotos e vídeos são renovados diariamente.
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Para as crianças e adolescentes, pode-se avaliar o estrago. Para os adultos, parece que já está acontecendo com os mais assíduos visitantes da pornonet: a progressiva perda de potência sexual... A fartura e banalização dos desvios sexuais vistos inicialmente com ansiosa e excitante curiosidade provocam uma espécie de pornô-indigestão e, com o tempo, o desinteresse sexual.
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Por outro lado, o relacionamento de um casal pode ser prejudicado se um dos dois pretender reproduzir comportamentos anti-humanos que se acostumou a apreciar na telinha do computador, como única maneira de excitar-se para o ato sexual. Aquela indigestão pode levar a isso. É fatal para a relação conjugal. O resultado é a busca desse tipo de experiência fora de casa, com profissionais treinados/treinadas para essa nova demanda mais exigente de clientes pornô-intoxicados. Ruim.
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A conclusão é a falta de conclusão: como evitar essa desastrada experiência capaz de comprometer a compreensão e vivência saudável e prazerosa da sexualidade humana como expressão de amor e carinho? Sem frustrar o acesso a tudo de bom que nos chega por Internet? Como prevenir os adultos para o risco de perda precoce da potência sexual?
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Não sabemos. O máximo que pretendemos com este aviso é avisar. Porque parece que muitos pais e educadores ainda não se deram conta do que está acontecendo. Ou sabem, mas ainda não puderam avaliar mais cuidadosamente o assunto. Talvez seja à hora de dar mais tempo e atenção para o diálogo familiar, inclusive sobre essa onda perniciosa ou pornociosa que não serve para surfar.
*Membros do MFC