AMIGO DA ONÇA
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m escrito passado,
afirmei, que pelos ensinamentos divinos e da natureza somos levados a viver uma
vida alegre, fundamentada no diálogo, na interação e na amizade. O próprio
filósofo Aristóteles, frente a essa realidade, afirmou, em sua obra – Ética a
Nicómaco: “Sem amigos ninguém escolheria
viver, ainda que houvesse outros bens.”
Portanto, amizade é
bem inalienável, pois sentimento pessoal e personalismo, essencial ao viver
bem. Mesmo que fosse um desejo pessoal, o homem não suportaria viver na
solidão, posto que não é da sua essência.
O grande entrave é
como pescar amigo e manter amizade, na sociedade capitalista e interesseira em
que vivemos. Nem mesmo Jesus acertou na escolha que fez dos doze amigos e
discípulos. Na hora que mais precisou, somente um manteve-se próximo e o
acompanhou até o Calvário. Os outros sumiram, um negou três vezes, outro o
traiu por trinta moedas, e um terceiro duvidou.
Ao jogarmos a nossa
rede sobre o mar social, na busca de amigo e amizade, várias espécies de pessoas
aparecerão, naturalmente. O mais importante é fazer a catação de quem tem
caráter e personalidade dos que não possui. Aí está a diferença, isto é, saber
escolher ou ter a sorte de escolher bem.
Milton Nascimento, em
sua Canção da América, define muito sabiamente, sobre o verdadeiro amigo,
quando afirma:”Amigo é coisa para se
guardar/debaixo de sete chaves/Dentro do coração...”
Se nos deparamos com
o contrário, isto é, não pescar amigo ou pensar que o fez, poderemos correr o
risco de escolher amigo da onça, antigo
personagem da revista “O Cruzeiro”, que passou a simbolizar um amigo não muito
leal, muitas vezes uma pessoa falsa ou hipócrita, sendo comum até os dias de
hoje tal referência.
Para os mais jovens,
o personagem amigo da onça é uma
criação do cartunista Péricles de
Andrade Maranhão, publicado pela primeira vez na revista “O Cruzeiro”, em 23 de
outubro de 1943, através do qual satirizava, ironizava e criticava os costumes,
bem como desmascarava seus interlocutores.
Comportamento
parecido teve Titus Iulius Phaedrus, nascido na Trácia, e levado para Roma
muito jovem, que se rebelava contra os costumes e as injustiças através de suas
famosas fábulas. A diferença é que o primeiro se expressava pela charge,
enquanto que o segundo por suas fábulas.
Se você ainda não
encontrou o seu verdadeiro amigo, para cultivar a amizade necessária para o seu
viver, tenha paciência, pois amigo é coisa rara.