sábado, 25 de dezembro de 2010

É NATAL!










Se Jesus de Nazaré acordasse de repente de um sono de dois milênios, neste tempo de Natal, no Brasil ou em qualquer parte deste estranho ocidente cristão, ficaria perplexo e assustado. Que mundo é esse, meu Pai? - perguntaria aflito.
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É NATAL!

Passados os primeiros sustos, provocados pelos avanços da ciência e da técnica, ainda atordoado, perguntaria o que estaria acontecendo nesses dias. "Ora, amigo, não sabes que é tempo de Natal?" - explicariam as pessoas apressadas, carregadas de embrulhos vistosos, agora um pouco menores por causa da crise econômica.
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A explicação não explica nada, pensaria Jesus. Trataria de indagar melhor. Mostrariam a árvore iluminada da Lagoa, as lâmpadas piscando por toda parte. Papai Noel em cada esquina. Falariam de um certo aniversário de um certo Jesus. "Meu xará..." - imaginaria Ele.

Então entraria numa igreja cheia de gente cantando, orando com as mãos erguidas, celebrando algo com gestos estranhos, regidas por alguém de vestes diferentes, talvez um homem da corte romana, quem sabe? Perguntaria o que estavam fazendo. "É a missa solene de Natal, amigo!" - diriam. Perceberiam que Ele não entendia nada (só conhecia as sinagogas e ritos do seu tempo, que nem eram do seu agrado), Almas caridosas o convidariam a fazer um cursinho de catequese para adultos, aos domingos, para que pudesse entender a missa, os gestos e as palavras estranhas na celebração que nada significariam para Ele. Porque veria ricos e pobres em abraços de paz, os ricos continuando ricos e os pobres continuando pobres.
-Só na saída do templo veria um raro presépio. "Pelo menos isto parece com o que mamãe me contava" - lembraria. "O resto é confuso demais para mim".
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E partiria para as ruas. Tentaria encontrar algum discípulo. "Onde se esconderam?"
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Talvez nem Pedro, em seus aposentos distantes, ficasse sabendo que Alguém estaria à sua procura.-
Temos muito o que pedir neste Natal, abusando da paciência de Deus.
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Precisamos de um mundo de Paz, sem fome, miséria, armas, prepotência e arrogância.
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Precisamos que o governo do nosso sofrido país seja capaz de corresponder às esperanças derradeiras que o levaram ao poder. Que jamais possamos sentir saudades da esperança. Precisamos que haja trabalho, teto, educação e saúde para todos, para que a paz e a tranquilidade se instalem em nossas famílias, recuperada a auto-estima onde ela foi abalada, e o amor onde ele se esgarçou, tantas vezes pela perversidade de um modelo de sociedade que não corresponde ao Reino anunciado.
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Precisamos de coragem para produzir sinais de amor, justiça e paz, para ter o direito de pedir-lhe: "Venha a nós o vosso Reino".
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Que todos esses dons estejam presentes na vida de cada família, neste tempo de natal e em cada dia do Novo Ano.