quinta-feira, 21 de maio de 2009



REALIZANDO UM SONHO

Um sonho bem alimentado será sempre um sonho realizado. Há mais de doze anos que trabalho (quase no anonimato, por conta da confidencialidade) com pesquisas clínicas. Essa atividade, que envolve hoje uma enorme equipe, vem acontecendo na minha clínica (Clinicor), recentemente expandida ao Hospital do Coração.

Mais de trinta projetos foram desenvolvidos, e muitos dos medicamentos hoje disponíveis para uso no tratamento da hipertensão (foco principal) e de outras doenças do coração nasceram dessa iniciativa. Tenho o orgulho de dizer que nosso Centro, hoje, é uma referência nessa atividade em todo o Brasil e mesmo no exterior, porque, numa recente pesquisa realizada com um medicamento Fase III, alcançamos a segunda colocação em desempenho no mundo.

No entanto, o meu sonho sempre foi desenvolver essa atividade no âmbito de minha Universidade (Uncisal). Depois de várias tentativas, finalmente contei com o apoio e a compreensão do reitor André Falcão, que nos convidou para montar um Centro de Pesquisas dentro da nossa instituição.

O núcleo ainda não está definitivamente constituído. Posso até dizer que é um núcleo virtual, mas já está envolvido no maior e mais ousado Protocolo Multicêntrico Nacional denominado Estudo Prever. Um conjunto de vinte e quatro universidades brasileiras, comandadas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e tendo à frente desta iniciativa o renomado pesquisador e cardiologista Flávio Fuchs, vai executar esse belo projeto, que poderá dar respostas a questões de valores inestimáveis para a saúde pública brasileira.

Esse projeto tem dois estudos fundamentais que poderão responder: se tratarmos os pacientes considerados pré-hipertensos com um medicamento barato (diurético) podemos evitar que essa numerosa população evolua em curto tempo para se tornar hipertensa (evolução já devidamente documentada em estudos prévios); também, se tratarmos pacientes já portadores de hipertensão estágio 1 com diurético, em comparação a uma classe de medicamentos de custo elevado e ainda não disponível na rede SUS, obteremos semelhante resultado em termos de benefícios clínicos.

Por isso estou duplamente feliz. Primeiro, em não sendo ainda um núcleo devidamente constituído (espaço físico e suportes administrativos) já estamos envolvidos neste tão grandioso projeto. Depois, estou realizando esse sonho de, no final de minha careira de professor, estar deixando para a instituição que aprendi a amar verdadeiramente uma contribuição que, no mínimo, a coloca junto das maiores universidades brasileiras.

A realização de um sonho pode até demorar, e isso ajuda a dar mais vigor as nossas aspirações, mas o que nos ensina mesmo é que definitivamente “nada resiste ao trabalho”.