terça-feira, 7 de maio de 2013

CORREIO MFC BRASIL Nº 322

  
SABEDORIA ANTIGA
Poetisa Cora Coralina
 
Cora Coralina - Poetisa
E
u não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo prá você: não pense. Nunca diga estou envelhecendo ou estou ficando velha.

Eu não digo. Eu não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.

Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida.

O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia. Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.

Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada.

Nada de palavra negativa.

Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio! Sei que tenho muitos anos.

Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não.

Você acha que eu sou? Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.

O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade. Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.

CORA CORALINA, a querida poetisa goiana viveu 95 anos.
  
O CORREIO MFC inicia a publicação de um estudo muito realista sobre o consumo de drogas, agora com potencial maior de expansão pelo baixo custo do crack, acessível a ricos e pobres, especialmente a jovens e crianças. O autor Vinicius Bocato é estudante da Faculdade Cásper Líbero (SP), que pergunta, diante da repressão anunciada: “O OBJETIVO É TENTAR REDUZIR A VIOLÊNCIA OU ATENDER A UM DESEJO COLETIVO DE VINGANÇA?”

A PESTE DO SÉCULO XXI (I)
Vinícius Bocato

  
N
a última semana uma tragédia abalou todos os funcionários e alunos da Faculdade Cásper Líbero, onde estou terminando o curso de jornalismo. O aluno de Rádio e TV Victor Hugo Deppman, de 19 anos, foi morto por um assaltante na frente do prédio onde morava, na noite da terça-feira (9). O crime chocou não só pela banalização da vida – Victor Hugo entregou o celular ao criminoso e não reagiu –, mas também pela constatação de que a tragédia poderia ter acontecido com qualquer outro estudante da faculdade.

Esse novo capítulo da violência diária em São Paulo ganhou atenção especial da mídia por um detalhe: o criminoso estava a três dias de completar 18 anos. Ou seja, cometeu o latrocínio (roubo seguido de morte) enquanto adolescente e foi encaminhado à Fundação Casa.

Óbvio que a primeira reação é de indignação; acho válida toda a revolta da população, em especial da família do garoto, mas não podemos deixar que a emoção nos leve a atitudes irresponsáveis. Sempre que um adolescente se envolve em um crime bárbaro, boa parte da população levanta a voz para exigir a redução da maioridade penal. Alguns vão adiante e chegam a questionar se não seria hora do Estado se igualar ao criminoso e implantar a pena de morte no país. Foi o que fez de forma inconsequente o filósofo Renato Janine Ribeiro, em artigo na Folha de S. Paulo, por ocasião do assassinato brutal do menino João Hélio em 2007.

Além de obviamente não termos mais espaço para a Lei de Talião no século XXI, legislar com base na emoção nada mais atende do que a um sentimento de vingança. Não resolve (nem ameniza) o problema da violência urbana.

O que chama a atenção é a maneira como a grande mídia cobre essas tragédias. A maioria das matérias que vemos nos veículos tradicionais só reforçam uma característica do Brasil que eles mesmo criticam: somos o país do imediatismo. A cada crime brutal cometido por um adolescente, discutimos os efeitos da violência, mas não as suas causas. Discutimos como reprimir, não como prevenir. É uma tática populista que desvia o foco das reais causas do problema.

Abaixo exponho a lista de motivos pelos quais sou contra a redução da maioridade penal.

AS LEIS NÃO PODEM SE BASEAR NA EXCEÇÃO
A maneira como a grande mídia cobre estes crimes bárbaros cometidos por adolescentes nos dá a (falsa) impressão de que eles estão entre os mais frequentes. É justamente o inverso. O relatório de 2007 da UNICEF “Porque dizer não à redução da idade penal” mostra que crimes de homicídio são exceção:

“Dos crimes praticados por adolescentes, utilizando informações de um levantamento realizado pelo ILANUD [Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente] na capital de São Paulo durante os anos de 2000 a 2001, com 2.100 adolescentes acusados da autoria de atos inflacionais, observa-se que a maioria se caracteriza como crimes contra o patrimônio. Furtos, roubos e porte de arma totalizam 58,7% das acusações. 

Já o homicídio não chegou a representar nem 2% dos atos imputados aos adolescentes, o equivalente a 1,4 % dos casos conforme demonstra o gráfico abaixo.” E para exibir dados atualizados, dentre os 9.016 internos da Fundação Casa, neste momento apenas 83 infratores cumprem medidas socioeducativas por terem cometido latrocínio (caso que reacendeu o debate sobre a maioridade penal na última semana). Ou seja, menos que 1%.

REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL NÃO DIMINUI A VIOLÊNCIA. O DEBATE ESTÁ FOCADO NOS EFEITOS, NÃO NAS CAUSAS DA VIOLÊNCIA
Como já foi dito, a primeira reação de alguns setores da sociedade sempre que um adolescente comete um crime grave é gritar pela redução da maioridade penal. Ou quase isso: dificilmente vemos a mesma reação quando a vítima mora na periferia (nesses casos, a notícia vira apenas uma notinha nas páginas policiais). Mas vamos evitar leituras ideológicas do problema.

A redução da maioridade penal não resolve nem ameniza o problema da violência. “Toda a teoria científica está a demonstrar que ela [a redução] não representa benefícios em termos de segurança para a população”, afirmou em fevereiro Marcos Vinícius Furtado, presidente da OAB. A discussão em torno na maioridade penal só desvia o foco das verdadeiras causas da violência.

O Instituto Não Violência é bem enfático quanto a isso: “As pesquisas realizadas nas áreas social e educacional apontam que no Brasil a violência está profundamente ligada a questões como: desigualdade social (diferente de pobreza!), exclusão social, impunidade (as leis existentes não são cumpridas, independentemente de serem “leves” ou “pesadas”), falhas na educação familiar e/ou escolar principalmente no que diz respeito à chamada educação em valores ou comportamento ético, e, finalmente, certos processos culturais exacerbados em nossa sociedade como individualismo, consumismo e cultura do prazer.


(Leia a continuação deste artigo no próximo Correio MFC)

LITANIA DA PAZ
Pr. Edison Fernando de Almeida


Dirig: Chega de escuridão
Todos: Queremos a luz da vida
Dirig: Chega do silêncio do medo
Todos: Queremos o barulho dos gestos de amor
Dirig: Chega de balas que se perdem
Todos: Queremos vidas que se encontram
Dirig: Chega da doença da solidão
Todos: Queremos a bênção da comunhão
Dirig: Chega de razões que justificam a guerra
Todos: Queremos as desrazões do amor
Dirig: Chega o apenas falar de paz
Todos: Queremos colhê-la, / lá onde verdadeiramente brota, / no pomar dos nossos atos de justiça.
Dirig: Chega de esperar por sinais da paz
Todos: Queremos ajudar a construí-los.
Dirig. Oremos:
Todos: Senhor, / ajuda-nos a transformar / as armas do mundo / em novos empregos; / as bombas dos poderosos / em pesquisas para curar; / as intenções destruidoras, / em forças construtoras / de um novo tempo, / uma nova sociedade, / um novo ser. / Senhor, / ajuda-nos a forjar Contigo / o milagre da Paz. Amém!
Selma Amorim - Composição – ágatas, lápis azuis, pedras semipreciosas, cristais sobre acrílico.