SABEDORIA ANTIGA
Poetisa Cora Coralina
E
|
u
não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo prá você: não pense.
Nunca diga estou envelhecendo ou estou ficando velha.
Eu
não digo. Eu não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de
ajuda, eu digo que preciso.
Procuro
sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as
dificuldades da vida.
O
melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir
de dia. Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você
fica mais.
Nunca
digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou
cansada.
Nada
de palavra negativa.
Quanto
mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai
se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio! Sei que tenho
muitos anos.
Sei
que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se
sou velha não.
Você
acha que eu sou? Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os
dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e
morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os
fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de
solidariedade e amizade. Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e
justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço com fé. Faço o que
devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade
também se aprende.
CORA CORALINA, a querida poetisa
goiana viveu 95 anos.
O CORREIO MFC inicia a publicação de um estudo muito
realista sobre o consumo de drogas, agora com potencial maior de expansão pelo
baixo custo do crack, acessível a ricos e pobres, especialmente a jovens e
crianças. O autor Vinicius Bocato é estudante da Faculdade Cásper Líbero (SP),
que pergunta, diante da repressão anunciada: “O OBJETIVO É TENTAR REDUZIR A
VIOLÊNCIA OU ATENDER A UM DESEJO COLETIVO DE VINGANÇA?”
A PESTE DO SÉCULO XXI (I)
Vinícius Bocato
N
|
a
última semana uma tragédia abalou todos os funcionários e alunos da Faculdade
Cásper Líbero, onde estou terminando o curso de jornalismo. O aluno de Rádio e
TV Victor Hugo Deppman, de 19 anos, foi morto por um assaltante na frente do
prédio onde morava, na noite da terça-feira (9). O crime chocou não só pela
banalização da vida – Victor Hugo entregou o celular ao criminoso e não reagiu
–, mas também pela constatação de que a tragédia poderia ter acontecido com
qualquer outro estudante da faculdade.
Esse
novo capítulo da violência diária em São Paulo ganhou atenção especial da mídia
por um detalhe: o criminoso estava a três dias de completar 18 anos. Ou seja,
cometeu o latrocínio (roubo seguido de morte) enquanto adolescente e foi
encaminhado à Fundação Casa.
Óbvio
que a primeira reação é de indignação; acho válida toda a revolta da população,
em especial da família do garoto, mas não podemos deixar que a emoção nos leve
a atitudes irresponsáveis. Sempre que um adolescente se envolve em um crime
bárbaro, boa parte da população levanta a voz para exigir a redução da
maioridade penal. Alguns vão adiante e chegam a questionar se não seria hora do
Estado se igualar ao criminoso e implantar a pena de morte no país. Foi o que
fez de forma inconsequente o filósofo Renato Janine Ribeiro, em artigo na Folha
de S. Paulo, por ocasião do assassinato brutal do menino João Hélio em 2007.
Além
de obviamente não termos mais espaço para a Lei de Talião no século XXI,
legislar com base na emoção nada mais
atende do que a um sentimento de vingança. Não resolve (nem ameniza) o
problema da violência urbana.
O
que chama a atenção é a maneira como a grande mídia cobre essas tragédias. A
maioria das matérias que vemos nos veículos tradicionais só reforçam uma
característica do Brasil que eles mesmo criticam: somos o país do imediatismo. A cada crime brutal cometido por um
adolescente, discutimos os efeitos da violência, mas não as suas causas.
Discutimos como reprimir, não como prevenir. É uma tática populista que
desvia o foco das reais causas do problema.
Abaixo
exponho a lista de motivos pelos quais sou
contra a redução da maioridade penal.
AS LEIS NÃO PODEM SE BASEAR NA EXCEÇÃO
A
maneira como a grande mídia cobre estes crimes bárbaros cometidos por
adolescentes nos dá a (falsa) impressão de que eles estão entre os mais
frequentes. É justamente o inverso. O relatório de 2007 da UNICEF “Porque dizer
não à redução da idade penal” mostra que crimes de homicídio são exceção:
“Dos
crimes praticados por adolescentes, utilizando informações de um levantamento
realizado pelo ILANUD [Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para
Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente] na capital de São Paulo
durante os anos de 2000 a 2001, com 2.100 adolescentes acusados da autoria de
atos inflacionais, observa-se que a maioria se caracteriza como crimes contra o
patrimônio. Furtos, roubos e porte de arma totalizam 58,7% das acusações.
Já o
homicídio não chegou a representar nem 2% dos atos imputados aos adolescentes,
o equivalente a 1,4 % dos casos conforme demonstra o gráfico abaixo.” E para
exibir dados atualizados, dentre os 9.016 internos da Fundação Casa, neste
momento apenas 83 infratores cumprem medidas socioeducativas por terem cometido
latrocínio (caso que reacendeu o debate sobre a maioridade penal na última
semana). Ou seja, menos que 1%.
REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL NÃO DIMINUI A
VIOLÊNCIA. O DEBATE ESTÁ FOCADO NOS EFEITOS, NÃO NAS CAUSAS DA VIOLÊNCIA
Como
já foi dito, a primeira reação de alguns setores da sociedade sempre que um
adolescente comete um crime grave é gritar pela redução da maioridade penal. Ou
quase isso: dificilmente vemos a mesma reação quando a vítima mora na periferia
(nesses casos, a notícia vira apenas uma notinha nas páginas policiais). Mas
vamos evitar leituras ideológicas do problema.
A
redução da maioridade penal não resolve nem ameniza o problema da violência.
“Toda a teoria científica está a demonstrar que ela [a redução] não representa
benefícios em termos de segurança para a população”, afirmou em fevereiro
Marcos Vinícius Furtado, presidente da OAB. A discussão em torno na maioridade
penal só desvia o foco das verdadeiras
causas da violência.
O
Instituto Não Violência é bem enfático quanto a isso: “As pesquisas realizadas
nas áreas social e educacional apontam que no Brasil a violência está
profundamente ligada a questões como: desigualdade social (diferente de
pobreza!), exclusão social, impunidade
(as leis existentes não são cumpridas, independentemente de serem “leves” ou
“pesadas”), falhas na educação familiar
e/ou escolar principalmente no que diz respeito à chamada educação em
valores ou comportamento ético, e, finalmente, certos processos culturais
exacerbados em nossa sociedade como individualismo, consumismo e cultura do
prazer.
(Leia a continuação deste artigo no
próximo Correio MFC)
LITANIA DA PAZ
Pr. Edison Fernando de Almeida
Dirig: Chega de
escuridão
Todos: Queremos a luz da vida
Dirig: Chega do
silêncio do medo
Todos: Queremos o barulho dos gestos de amor
Dirig: Chega de balas
que se perdem
Todos: Queremos vidas que se encontram
Dirig: Chega da
doença da solidão
Todos: Queremos a bênção da comunhão
Dirig: Chega de
razões que justificam a guerra
Todos: Queremos as desrazões do amor
Dirig: Chega o apenas
falar de paz
Todos: Queremos colhê-la, / lá onde verdadeiramente brota, / no pomar
dos nossos atos de justiça.
Dirig: Chega de
esperar por sinais da paz
Todos: Queremos ajudar a construí-los.
Dirig. Oremos:
Todos: Senhor, / ajuda-nos a transformar / as armas do mundo / em novos
empregos; / as bombas dos poderosos / em pesquisas para curar; / as intenções
destruidoras, / em forças construtoras / de um novo tempo, / uma nova
sociedade, / um novo ser. / Senhor, / ajuda-nos a forjar Contigo / o milagre da
Paz. Amém!
Selma Amorim - Composição – ágatas, lápis azuis,
pedras semipreciosas, cristais sobre acrílico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário