terça-feira, 20 de dezembro de 2011

ANIVERSARIANTE DO DIA - KELLY DE CRISTIANO

ANIVERSARIANTE DO DIA - MARCELO DE LYANDRA

CORREIO MFC BRASIL 277

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Ao longo da história dos homens, muitos aderiram ao projeto de Deus. Outros o rejeitaram pretendendo ser como Deus. Já não sabem distinguir entre o bem e o mal. Este uso equivocado da liberdade é a origem de todos os males que atingem a humanidade. É chamado de pecado original, aquele que está na origem de todos os mecanismos desumanizadores nas relações entre os homens, produzindo sofrimento e tristeza, num mundo criado para a alegria e felicidade de todos.

O DESAFIO DA HUMANIZAÇÃO
HELIO AMORIM – MFC/RJ

Há quase três mil anos, um sábio escritor, iluminado por Javé, seu Senhor, percebeu esse desvio no interior mesmo do Povo de Deus. Influenciado pelos cananeus e seus deuses, o povo assumia práticas e costumes desumanizadores. Para alertar o povo sobre os males desse afastamento do projeto do Criador, aquele escritor escreveu uma interessante história, baseada nas crenças populares sobre a origem do mundo. Essa parábola catequética muito interessante começa na metade do versículo 4 do capítulo 2 do Livro do Gênesis. Não relata acontecimentos históricos.

É um relato poético, muito contundente, para denunciar os desvios dos homens que se afastam do projeto de Deus.

O autor mostra o mundo maravilhoso que o Senhor planejou para todos que nele habitam. Convivendo em harmonia, entre si, com Deus e a Natureza, em paz consigo mesmos, todos os homens e mulheres, representados no relato por Adão e Eva, vivem felizes numa terra fértil e bela, livre de toda maldade.

Ao romper com o projeto de Deus, a humanidade cria condições para que o mal irrompa no mundo. Naquele relato, essa ruptura com o projeto de Deus, ou desobediência, é retratada simbolicamente no comer o fruto da árvore do bem e do mal, significando que a humanidade quis se substituir a Deus, ser como Deus, criar seu próprio projeto, em desacordo com o do Criador. Sutilmente denuncia a má influência da religião dos cananeus, pela serpente que a simbolizava. Por causa desse rompimento da humanidade com Deus e o seu projeto, o trabalho se torna um peso, a dor e o sofrimento oprimem homens e mulheres expulsos do jardim.

Homens que deveriam viver como irmãos, passam a invejar, agredir, escravizar e matar, representados no relato por Caim. A ânsia de dominar o mundo e ser como Deus estabelece a confusão nas relações humanas, ninguém mais se entende, já não se fala uma mesma língua. A torre de Babel simboliza essa desordem na sociedade que quer prescindir de Deus.

O autor denuncia a dominação do homem sobre a mulher. O homem negocia com o futuro sogro as condições para possuir a mulher, que passará a ser sua propriedade, assim como ele possui terras, camelos e cabras. Ela levará a culpa de tudo que acontecer de mal. A própria serpente, que representa a religião cananéia, escolhe Eva, a mulher, para exercer a sua má influência sobre os homens. Adão joga a culpa da sua desobediência sobre a mulher, mas não consegue iludir Deus.

Então o autor do relato recorda ao homem como deverá ser a união entre o homem e a mulher, que deixarão seus pais para serem uma só carne, porque ela é como ele, criada de sua costela, “osso dos meus ossos". Essa expressão, para aquele povo, significava exatamente essa igualdade entre pessoas de mesma condição social ou parentes. A dominação do homem sobre a mulher é assim denunciada, como contrária à humanização de ambos.

Nesse relato tão antigo, seu autor também ensina que o Deus do seu povo é o único, autor de toda a Criação, transcendente e superior a tudo o que foi por Ele e somente por Ele criado gratuitamente e entregue ao homem para que dele cuide de modo responsável, com o suor do seu corpo.

Esse continua sendo hoje o desafio para os cristãos, herdeiros da sabedoria desse relato catequético: promover mais humanização, uma justa distribuição dos bens da natureza e dos frutos do trabalho humano entre todos os homens e mulheres.

É missão dos cristãos, assumindo o projeto de Deus, fazer do mundo criado um lugar propício à plena humanização de todos os homens e mulheres, tal como o Paraíso poeticamente descrito como jardim aprazível.
 *Adaptado de “Descomplicando a Fé”, Editora Paulus


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