“O FILHO DO HOMEM ENTREGUE
NAS MÃOS DOS HOMENS!”
Irmãos e irmãs, como discípulos missionários, ouvintes da palavra, neste
domingo fazemos memória do Cristo que veio como servidor dos pequenos. Ele nos
ensina que quem quer ser o primeiro deverá ser o último, e que, em vez de
competir, deverá servir. Dispostos a nos tornarmos companheiros na missão,
iniciemos esta celebração contando.
25º
DOMINGO COMUM
1ª Leitura: Sb
2,12.17-20
Salmo Responsório:
53
2ª Leitura: Tg
3,16—4,3
Evangelho: Mc
9,30-37
EVANGELHO
Marcos
9,30-37
Naquele tempo, 30Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que
ninguém soubesse disso, 31pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do
Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão. Mas, três dias
após sua morte, ele ressuscitará.
32Os discípulos, porém, não compreendiam estas
palavras e tinham medo de perguntar.
33Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus
perguntou-lhes: “O que discutíeis pelo caminho?”
34Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho
tinham discutido quem era o maior.
35Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se
alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a
todos!”
36Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio
deles e, abraçando-a, disse: 37“Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará
acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me
enviou”.
— Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Padre Françoá Costa
Pároco da Paróquia Nossa Senhora
D'Abadia – Anápolis - GO
VIRTUDE BÁSICA: A HUMILDADE
Jesus, sabendo que os discípulos “haviam discutido entre si qual deles
seria o maior” (Mc 9,34), lhes dá uma lição de humildade: “Se alguém quiser ser
o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos” (Mc 9,35).
A humildade encontra-se nos fundamentos da vida interior, ou seja, ela
está na raiz de outras virtudes. A humildade remove os obstáculos para que a
pessoa receba as graças de Deus, já que “Deus resiste aos soberbos e dá a sua
graça aos humildes” (Tg 4,6). A humildade e a fé formam um par maravilhoso: a
primeira remove os obstáculos à graça, entre os quais o orgulho; a segunda
estabelece o primeiro contato com Deus.
A humildade se funda na verdade e na justiça. Santa Teresa dizia que a
humildade é andar em verdade. A humildade nos dá o conhecimento, cada vez mais
profundo, sobre nós mesmos. Também se funda na justiça porque exige que o ser
humano dê a Deus toda a honra e toda a glória.
Na prática, humildade não é dizer que não se tem qualidades, quando na
verdade se tem (isso seria hipocrisia); tampouco se trata de inventar
qualidades que não possuímos (isso seria mentira e soberba). Não podemos buscar
uma espécie de “humildade de jogadores de futebol” em entrevistas, mais ou
menos assim e com os clássicos erros de português: “É, nós estamos de parabéns,
apesar de nós não ter feito todos os gol que queria, agente seguimos as
orientações do técnico e joguemos com humildade, e, provamos que com nós
ninguém pode…”. Além de evitar este tipo de humildade, o cristão não pode ser
uma pessoa encolhida: sem ideias próprias, meio covarde, com cara de coitado,
um “Jeca Tatu”.
A humildade autoriza o filho de Deus a admirar todos os dons, naturais e
sobrenaturais, que recebeu, mas sem atribuir-se a si mesmo o magnífico lenço
pintado que vê em si, pois sabe que o divino Artista é Deus, para quem deve ir
encaminhada toda a glória. Esta virtude também nos ajuda a ver a nossa pequenez
e o quanto somos fracos. Em suma, a humildade é uma disposição da alma que nos
inclina a moderar o apetite da própria excelência, levando-nos a evitar tanto a
hipocrisia quanto a soberba.
A hipocrisia é ridícula! Andar cabisbaixo, com a cabeça meio torta e
negar virtudes que se tem são, no fundo, características de uma falsa
humildade. O curioso é que tais pessoas poderiam dizer de si mesmas: “eu sou um
pobre pecador, não valho nada, sou um orgulhoso. Que Deus tenha pena de mim!”.
Mas, se alguém lhe diz: “você é um orgulhoso e um pobre pecador”, então elas se
irritam ao extremo. Ou seja: outros não podem dizer aquilo que elas dizem sem
acreditar. É preciso lutar também contra a sensibilidade doentia: “o que
pensarão de mim?”, “o que dirão de mim?”, “será que eles gostaram?”,
“magoaram-me!” Nós não precisamos desprezar-nos diante dos outros para mostrar
que somos humildes, mas também não precisamos supervalorizar-nos internamente.
É suficiente mostrar-nos como somos, isto é, com autenticidade e moderando a
própria desordem interior. Quando se é inteligente, por exemplo, e alguém
elogia isso em nós, podemos dizer simplesmente um “obrigado”. Também é
importante que, aceitado o elogio, dirijamos, no silêncio do nosso coração,
esse louvor ao Senhor: “para Deus toda a glória!”
Por outro lado, não vamos andar por aí divulgando as nossas virtudes, os
nossos cargos e as nossas responsabilidades; poderiam ser manifestações de
soberba. Outra coisa seria a necessidade de utilizar alguma vez uma coisa
meritória que tenhamos feito para reclamar um direito que por justiça nos
pertence. Um exemplo: o aluno que estudou muito e fez uma boa prova tem o
direito de que lhe deem uma boa nota; se fez uma ótima prova, a nota também
deverá ser ótima. Não é soberba ir reclamar com o professor no caso de que a
nota tenha sido baixa ou menor do que aquela que ele julgava justa. Em nome da
verdade e sem falsa humildade, o tal aluno pode – e até deveria – reclamar e
lutar pelos seus direitos.
Como se pode ver: a humildade nos ajuda a andar em verdade!
ORAÇÃO
Senhor, que fizestes consistir a plenitude da lei no vosso amor e no
amor do próximo, dai-nos a graça de cumprirmos este duplo mandamento, para
alcançarmos a vida eterna. Amém!
Editado
por MFC ALAGOAS