segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

CORREIO MFC BRASIL Nº 309



Na segunda (11), Bento XVI surpreendeu os católicos do mundo inteiro. Anunciou a decisão em latim, em uma reunião do conselho de cardeais.

“Queridos irmãos, convoquei vocês para comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter repetidamente reexaminado minha consciência perante Deus, cheguei à certeza de que minhas forças, devido a minha idade avançada, não são mais adequadas para o exercício do ministério de Pedro”, anunciou.

O Papa disse também que, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças, é necessário vigor do corpo e do espírito, e que nos últimos meses ele sentiu que suas forças se deterioravam ao ponto de ter que reconhecer a incapacidade de cumprir o trabalho que lhe foi confiado. Bento XVI falou que por essa razão e ciente da gravidade da renúncia, ele deixava o cargo. Disse ainda que, a partir do dia 28 de fevereiro, às 20h pelo horário de Roma seu lugar estará vago.
  
O teólogo Bernard Häring, já falecido, escreveu o anúncio que ele esperava do papa a ser eleito depois do falecimento de João Paulo II, na linha do papado anterior de João XXIII. Na próxima sucessão de Bento XVI, a proposta de Häring, parcialmente transcrita a seguir, poderá ser lembrada.

NADA É IMPOSSÍVEL
Uma proposta profética do teólogo Bernard Häring antes da eleição de Bento XVI.


O anúncio papal que não aconteceu

(...) “A conversão ecumênica reforçou e promoveu um espírito de diálogo, de respeito, e de busca conjunta da verdade. Apesar do pleno conhecimento das dificuldades ainda existentes, proponho hoje alguns pontos para a vida da Igreja Católica, tendo em vista a tão desejada unidade dos cristãos:

1 – Já que o trono, a tiara e os títulos pomposos eram sintomas de patologias profundas e causa de irritação entre Igrejas irmãs, proíbo energicamente que se chame o Papa com títulos como “Sua Santidade”. E nem sequer o título de Santo Padre me agrada, pois Jesus, na Sua Grande oração pela Unidade, chama Seu Pai de “Pai Santo” (Jo, 17, 11). Esperamos que, no futuro, jamais alguém se permita chamá-lo “Santíssimo”, ou “Beatíssimo”.

2 – Não existirão mais os chamados “prelados de honra de Sua Santidade”. Os cardeais da Igreja Romana não se vestirão de púrpura “como fazem os ricos”. No Vaticano não mais títulos como “Eminência” ou “Excelência”. Somos todos irmãos em torno de Cristo, humilde servo de Deus, que se fez homem para a nossa salvação.

3 – Os diversos diálogos interconfessionais das últimas décadas produziram resultados surpreendentes. Ouvindo juntos a palavra de Deus, conseguimos remover muitos obstáculos sendo, por isso, chegada a hora de pôr fim a todas as consequências possíveis e dar passos decisivos, rumo à unidade e à reconciliação, numa fecunda diversidade.

4 – Como sinal desse renovado fervor, o “Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos” será elevado ao nível dos mais importantes Dicastérios Romanos, melhor ainda, tornar-se-á Congregação, com a específica competência de criar e animar estruturas capazes de favorecer o processo e o acolhimento dos resultados provenientes dos diálogos interconfessionais, em estreita colaboração com as Conferências Episcopais e as Faculdades Teológicas de todo o mundo .

5 – 0 Papa propõe-se a fazer todo o possível para tornar viva e operante a Colegialidade em todos os níveis. Para recuperar as estruturas sinodais do primeiro milênio, muito teremos a aprender das Igrejas irmãs que conservaram e desenvolveram com muita eficácia aquelas estruturas.

6 – Tendo em vista a função ecumênica do Bispo de Roma, todas as Conferências Episcopais e todos os Patriarcados participarão da eleição dele. As modalidades exatas serão determinadas pelo próximo Sínodo dos Bispos.

7 – 0 mesmo Sínodo decidirá sobre a função e o futuro do “corpo diplomático”. Até mesmo o nome não é mais aceitável. As Igrejas não podem definir-se como instituição diplomática. Bem ao contrário, precisamos é de organismos completamente diferentes, que sirvam para a missão da Igreja na promoção da Paz e da Justiça.

Em relação a tudo aquilo que se refere à ligação e à comunicação contínua entre o Bispo de Roma e as Igrejas locais, serão encontrados modelos semelhantes aos do primeiro milênio.

8 – Uma ponderada interpretação teológica do primado do Papa, feita à luz da Palavra de Deus e dos documentos dos Concílios, demonstrou que o magistério e o governo do Papa só estão plenamente integrados no interior da Igreja.

Motivo pelo qual o Papa não é um mestre de fé de fora para dentro ou de cima para baixo. Ele faz parte dos discípulos reunidos em torno de Cristo, único Mestre, e faz parte tanto da “Igreja Docente” quanto da  “Igreja Discente”.

No exercício de sua atividade pastoral para a Igreja Universal, ele é obrigado a seguir o exemplo do humilde Servo de Deus, Jesus Cristo. Por isso, ele observará escrupulosamente o principio da subsidiariedade.

9 – 0 Papa tem o direito de saber o que se crê na Igreja, com sinceridade de consciência e com a liberdade dos filhos de Deus. Não poderá exercer o seu magistério e ministério da unidade se não existir um amplo espaço de diálogo franco e sincero dentro da Igreja.

É por isso que, certo de poder contar com  consenso dos irmãos Bispos, faço abolir, com efeito imediato, o que, no Código de Direito Canônico, está prescrito sobre punibilidade do não assentimento em relação aos documentos não infalíveis do Papa.

(Cân. 1371 — Seja punido com justa pena: 1) quem, fora do caso previsto no cân. 1364 § 1, ensinar uma doutrina condenada pelo Romano Pontífice ou pelo Concílio Ecuménico, ou rejeitar com pertinácia a doutrina referida no cân. 750 § 2 ou no cân. 752, e, admoestado pela Sé Apostólica ou pelo Ordinário, não se retrata)

10 – Além da comum profissão de fé e dos votos ou promessas batismais, não se farão mais, na Igreja Católica, juramentos particulares de fidelidade e lealdade. Basta seguir a palavra firme de Jesus: “Seja o vosso falar: sim, sim; não, não. Tudo o que disso passa, procede do maligno” (Mt. 5,37).

Já que vivemos da contínua antecipação de confiança que nos é concedida por Deus, também nós faremos todo o possível para criar uma atmosfera de confiança recíproca. Por este motivo, estão abolidos todos os instrumentos de controle e se criará um clima de confiança uns nos outros.

11 – Todos os problemas polêmicos, como, por exemplo, a função da mulher na Igreja, a participação das mulheres nos processos decisórios de toda a Igreja e uma eventual ordenação das mulheres para o sacerdócio ministerial, serão discutidos no diálogo ecumênico e dentro da Igreja com franqueza, respeito e paciência. E a decisão final terá caráter estritamente colegial.

12 – A Cristandade inteira, todos os discípulos de Cristo, juntos, são chamados a ser luz do mundo, sacramento de paz, de justiça, de salvação e de cura. Por isso, buscaremos um diálogo respeitoso com todas as religiões não-cristãs, mais ainda, com todos os homens de boa vontade.

Perscrutando os sinais dos tempos, daremos especial atenção ao evangelho da paz e ao caminho da não-violência, a exemplo de Jesus, aproveitando também, com muita alegria, tudo o que a graça de Deus operou, em relação a isto, entre as religiões não-cristãs. (...)”

CARTA DO IMPERADOR VESPASIANO PARA SEU FILHO TITO (79 dC)

“Tito, meu filho, estou morrendo. Logo eu serei pó e tu, Imperador. Espero que os deuses te ajudem nesta árdua tarefa, afastando as tempestades e os inimigos, acalmando os vulcões e os jornalistas.

De minha parte, só o que posso fazer é dar-te um conselho: não pares a construção do Colosseum.  Em menos de um ano ele ficará pronto, dando-te muitas alegrias e infinita memória.

Alguns senadores te criticarão, dizendo que deveríamos investir em esgotos e escolas.  Não dê ouvidos a esses poucos.  Pensa: onde o povo prefere pousar seu clunis: numa privada, num banco de escola ou num estádio? Num estádio, é claro.

Será uma imensa propaganda para ti. Ele ficará no coração de Roma por omnia saecula saeculorum, e sempre que o olharem dirão: ‘Estás vendo este colosso? Foi Vespasiano quem o começou e Tito quem o inaugurou’.
Outra vantagem do Colosseum: ao erguê-lo, teremos repassado dinheiro público aos nossos amigos construtores, que tanto nos ajudam nos momentos de precisão.

‘Moralistas e loucos dirão, que mais certo seria reformar as velhas arenas. Mas todos sabem que é melhor usar roupas novas que remendadas. Vel caeco appareat (até um cego vê isso). Portanto, deves construir esse estádio em Roma.

Enfim, meu filho, desejo-te sorte e deixo-te uma frase: ad captandum vulgus, panem et circenses (para seduzir o povo, pão e circo).

Esperarei por ti ao lado de Júpiter”.

Vespasiano, Imperador de Roma

FRASES PARA REFLETIR
Uma mulher bonita não é aquela de quem se elogiam as pernas ou os braços, mas aquela cuja inteira aparência é de tal beleza que não deixa possibilidades para admirar as partes isoladas. (Sêneca)
Ainda não vi ninguém que ame a virtude tanto quanto ama a beleza do corpo. (Confúcio)
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. (Antoine de Saint-Exupéry)
A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro. (Platão)
Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha.  (Confúcio)