quinta-feira, 7 de junho de 2012

A VERDADE SOBRE A COMISSÃO DA VERDADE - Artigo de James Magalhães de Medeiros

  
A VERDADE SOBRE
A COMISSÃO DA VERDADE

O
 mês de maio do fluente ano entrou para a história republicana de nossa pátria, o nosso querido Brasil, quando da instalação da Comissão da Verdade, em dezesseis próximo passado. Houve choro, lagrima, emoção, alegria de muita gente que viveu e combateu momentos negros da nossa história. Frise-se uma história pouco verbalizada e muito menos escrita. Enquanto que outra gente posicionou-se contrária ao fato histórico do século vinte e um, chegando a afirmar que seria um retrocesso no tempo, além de ser ato de mero revanchismo.

Ora, não podemos esquecer-nos de tudo que aconteceu nos idos da década de sessenta, a partir e principalmente do golpe político militar contra o governo legítimo do Presidente João Goulart. Não desejo polemizar, se golpe ou se revolução; se fomos submissos ou não à potência estrangeira; se houve planejamento, organização e financiamento estrangeiro. Posso afirmar, com a experiência e o conhecimento de um sexagenário, que foi praticado um ato contra a República.

Não podemos desconhecer que a história nos mostra, que sempre existiu sérios desníveis entre a necessidade democrática e a reação conservadora, razão pela qual, aqui e acolá, encontramos fatos históricos mal narrados ou vitimados de inverdades. Dentro desse raciocínio, relembremos a pressão sofrida por Getúlio Vargas, culminando com a coragem do suicídio, possibilitando a vitória do mineiro Juscelino, meses depois, que, com o apoio da maioria das Forças Armadas, conseguiu se manter no Poder, realizando um governo de efetiva modernização e de crescimento do país.

A verdade da tal Comissão não se encontra nesse foco, mas “Esclarecer os casos de torturas, mortes, desaparecimentos, ocultação de cadáveres, identificando e tornando públicas as estruturas, os locais e as circunstâncias relacionadas aos crimes contra os direitos humanos.” Somente com tais esclarecimentos, estaremos esclarecendo e escrevendo capítulos da nossa história ainda não conhecidos ou mal contados, todos marcados pelo sofrimento e pela tortura. Todos nós que vivemos o hoje, o agora, temos o direito de saber toda a verdade, ou seja, a nossa história completa e sem retoque.

Muitas famílias continuam enlutadas, chorando a ausência do ente querido, sem nada saber a seu respeito. Nesse instante, repriso as palavras do Jornalista – Mauro Santayana – sobre o assunto, quando afirma: “Todos os que perderam seus pais e filhos, irmãos e irmãs, maridos e mulheres, amigos e companheiros, têm direito ao pranto, se não diante de seus mortos, pelo menos  diante da reconstituição de seus derradeiros momentos. Devem conhecer o lugar e o dia em que pereceram, para ali chorar. O direito ao pranto é tão necessário quanto o direito a viver.”

É justamente nesse ponto que reside a verdade ou a justificativa para a criação da Comissão da Verdade. Vamos todos, Republicanos e conservadores, caminhar juntos nessa causa comum, independentemente de bandeira partidária, mas empunhando a nossa bandeira do Brasil, como símbolo de união e fraternidade, de ordem e progresso.

Vamos anistiar, sim, mas não esquecer e deixar que fatos desse jaez permaneçam fora da história, daí as palavras bem centradas de nossa Presidente, Dilma Rousseff, com as quais findo esse breve comentário: “A comissão não abriga ressentimento, ódio, nem perdão. Ela só é o contrario do esquecimento”.