Jeane Katia dos Santos Silva Autora do livro: "O Filho de Deus à luz das Sagradas Escrituras"
Temos vivido os dias difíceis dos quais o apóstolo Paulo e o próprio Jesus falaram que haveria de acontecer. Em nossos dias, as pessoas estão tão sedentas de ouvirem coisas agradáveis aos ouvidos (comichões nos ouvidos, conforme palavras de Paulo), que nem se importam de estarem ou não sendo manipuladas. É o famoso ditado que diz 'me engana que eu gosto!'. E, como um "bom" político faria, basta tão-somente dizer o que as pessoas querem ouvir.
Nos tempos medievais, o povo era manipulado por que era ignorante (não detinha o conhecimento). Hoje, é manipulado, porque prefere se acomodar na idéia equivocada de que se cumprir com todos seus deveres como dizimistas e ofertantes, será merecedor de receber de volta 100 vezes mais. Vale lembrar, que receber 100 vezes mais é promessa! Contudo, deturparam-na e, deram a ela um sentido novo: o sentido do merecimento! E isso sem falar que a colocaram como objetivo final e não como consequência de uma vida de fé. Não percebe, por exemplo, que Jesus ao falar da oferta da viúva pobre estava, na verdade, denunciando a oferta dos demais, cujas motivações não agradavam a Deus. Pergunto: "Se eu dizimo e/ou oferto motivada pelo desejo de receber 100 vezes mais ou, se eu ajudo um irmão que está em necessidade porque desejo receber em troca100 vezes mais, onde está a virtude nisso?" Não seria esse meu ato de ofertar um ato motivado no egoísmo e na ganância? Certamente que sim. Repito: A prosperidade não é um fim em si mesmo, antes deve ser vista apenas como consequência. Porém, em nossos dias, as pessoas tem agido como super crentes merecedores do favor de Deus. Por que "pagaram" tem direito de receber. Mas, o que é Graça? Não é favor imerecido? Parece que se esqueceram disso. Alteraram o sentido, deturpando-o segundo sua própria conveniência.
Abro aqui um parêntese: Os dízimos e as ofertas são uma ordenança bíblica. Mas, eu entendo que o dizimar mal (refiro-me à motivação) é tão errado quanto não dizimar. Mas isso ninguém prega nos púlpitos de igrejas, contanto que dizimem.
Da mesma forma, como Lutero denunciou as práticas abusivas da Igreja em seu tempo, precisamos também denunciar toda essa abusividade que hoje tem sido praticada. A pergunta, é: "Estarão dispostos a ouvir? Ou preferirão se acomodarem no alento das palavras agradáveis ao ouvido?".
Sabe, quando penso sobre isso, duas passagens bíblicas me veem à mente: 1) O texto de João capítulo 6 em que Jesus diz à multidão: "Vocês vem a mim, por que eu lhes dou pão. Mas, EU SOU o Pão da Vida"; 2) e, isto me remete a uma passagem no livro de Êxodos em que Deus disse a Moisés que colocaria um anjo adiante do povo hebreu e, que em tudo o que eles fizessem seriam prósperos, mas, que Ele não estaria adiante do povo, por que eram pessoas de dura cerviz, ao que Moisés, respondeu: "Senhor! Se Tu não estiveres adiante de nós, não arredarei o pé deste lugar". Vejo que Moisés entendeu muito bem o significado do que Deus estava lhe dizendo.
E assim, como foi naquele dia, assim tem sido em nossos dias. Deus não anula uma promessa feita! Pedir e dar-se-vos-á, não é mesmo? Mas, isso não significa dizer que Deus esteja aprovando condutas. Só demonstra que Ele não vai contra Sua própria Palavra.
Voltando ao texto de João 6, vejo que quando Jesus terminou de fazer aquele duro discurso a multidão se foi; "então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna". Penso que essa resposta de Pedro deva ser motivo de nossa reflexão.
Mas, afinal, qual deve ser a postura de todo aquele que se diz cristão diante desse quadro tão terrível de nossos dias? Deixemos as Escrituras nos dá essa resposta: 1) "E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra" (II Crônicas 7:14); e, 2) "Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus". (Romanos 12:1-2).
Ter a mente de renovada e transformada implica em ter uma mente impregnada da mensagem de Jesus: Uma mensagem de quem ama incondicionalmente, mas, aponta o caminho a ser seguido.
Entendo que somente permanecendo em Cristo e em seus ensinamentos, estaremos aptos a fazermos a diferença no contexto atual em que vivemos. Aptos a sermos sal e luz para o mundo. Mas, isso envolve renúncia e mudança de motivação: da egoísta para aquela que é segundo o coração de Deus.
Sou, porém, levada a concluir, que não adianta apontarmos os defeitos da Igreja atual. Precisamos antes de tudo, sermos a mudança que queremos ver acontecer.
Quanto à mensagem Cristã ela é simples. Ela só se torna complicada quando tentamos distorcê-la a fim de torná-la conveniente aos nossos interesses. E, é dessas distorções por conveniência, que resultam as muitas e equivocadas interpretações que tem sido vistas em nossos dias.
Uma coisa é certa, se andássemos nos ensinamentos de Cristo, faríamos a diferença nesse mundo perdido em meio às trevas. A igreja do primeiro século cresceu rapidamente (quantidade qualitativa) por que viram na vida diária dos primeiros cristãos, o Jesus que eles pregavam. É isso que nos falta hoje como igreja! No caso deles, foi dessa identificação com o Jesus que pregavam que resultou-lhes o nome cristãos. No nosso caso, será que realmente temos sido cristãos? Será que eu realmente tenho mostrado as características de um verdadeiro cristão? Penso que isso deva ser motivo da minha e da sua reflexão. Devo dizer, que isso que em nossos dias fizeram com a mensagem cristã eu também rejeito, mas, eu não rejeito o cristianismo dos primeiros cristãos, antes pelo contrário, eu anseio.
Fato é, que ao olhar para os Evangelhos, em nenhum momento eu vi neles o incentivo no sentido de afastamento da igreja - muito pelo contrário. Inclusive, não vi incentivo nesse sentido, nem mesmo, quando percebi a visão realista que Jesus tinha de como o mundo reagiria a Ele (Mateus 24:12). E, quando medito na parábola do joio e do trigo vejo quão patente essa realidade da igreja de nossos tempos lhe era, por ocasião de Sua crucificação e, ainda assim, Ele julgou que valia a pena morrer na cruz em meu lugar e no seu.
Gostaria de encerrar deixando o seguinte comentário de Philip Yancey: "À medida que observo o restante da vida de Jesus, vejo que o padrão da restrição estabelecido no deserto persistiu até o fim. Nunca percebi Jesus torcendo o braço de alguém. Antes, declarava as conseqüências de uma escolha, depois jogava de volta para a pessoa. Jesus tinha uma visão realista de como o mundo reagiria a ele: 'E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de quase todos esfriará'. Em suma, Jesus demonstrou um incrível respeito pela liberdade humana...". (Extraído do livro "O Jesus que eu nunca conheci" - autor Philip Yancey).
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FONTE: webartigos.com