quinta-feira, 28 de maio de 2009



TRATAMENTOS MIRABOLANTES

Todos os dias atendo em meu consultório pessoas que desejam saber informações sobre determinados medicamentos alternativos e recentemente colocados à venda, quase sempre pela Internet. Esses medicamentos servem para muitas “doenças”, mas quase sempre são medicamentos que reduzem o peso e mexem com a parte estética das mulheres.

Costumo sempre responder que não tenho conhecimento de suas ações e, principalmente, de suas seguranças. Na minha resposta há meia verdade, porque procuro ler sobre tudo que surge para atender a minha curiosidade e para melhor orientar os meus clientes. A minha reposta, sempre dizendo que não conheço, é porque em medicina não existe novidade. Novidade é panacéia!

Na mesma velocidade que surgem fórmulas mágicas, que servem para uma porção de coisas, elas desaparecem. O motivo é sempre o mesmo: o tempo vai tratando de desmoralizar essas “novidades”.

Quando digo que em medicina não existe novidade, desejo dizer que para que um medicamento chegue às farmácias, da descoberta da molécula à sua comercialização, leva pelo menos dez anos. E ainda assistimos, costumeiramente, alguns destes medicamentos que atravessaram todas as fases da pesquisa clínica serem descartados, mesmo depois de colocados à venda.

Em medicina, para que um tratamento alcance a maturidade e seja dado como consagrado é necessária uma base de evidências, que apenas pode ser construída com o tempo e com o tratamento sendo testado em diversas populações com trabalhos científicos bem elaborados.
Assim mesmo, determinados medicamentos que utilizamos por mais de vinte anos, de repente começam a surpreender com efeitos colaterais tardios que nos fazem abandoná-los.

Desenvolver um novo produto requer tecnologia e tempo. Em medicina não existe novidade. O novo vai sendo construído do “velho”, ou seja, do aperfeiçoamento de velhos tratamentos.

Então, para os que vivem lendo na internet sobre novos tratamentos e logo os absorvendo como úteis a minha recomendação não é para terem cautela, mas simplesmente para que não os absorvam. Cautela devemos ter é para fazer uso dos medicamentos já consagrados e dos tratamentos já devidamente testados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário