E DEUS, ONDE ESTARIA?
Finalmente um domingo em casa e livre de compromissos. Aproveitei para ficar na cama quase toda a manhã. Correndo, com a ajuda do controle, todos os canais de televisão em busca de alguma coisa interessante, parei no canal que retransmite as atividades de uma determinada igreja. O que me chamou a atenção foi o número de curas realizadas por metro quadrado de sessão. O “bispo”, que enfrentava uma tremenda chuva, ficava a gritar para a platéia: “mais um cego que voltou a enxergar; mais um paralítico que voltou a andar”. Depois, pedia que os paralíticos levantassem as cadeiras de rodas, num sinal de que estavam realmente curados. Ainda fui para o canal adiante, mas a curiosidade me trouxe de volta ao dos milagres. Agora, ele contava os casos que tinham alcançado a “graça” (que não devia ser de graça). Em pouco tempo, apareceram cinco cegos e mais de 10 paralíticos, que enxergavam e corriam.
De vez em quando, trazia um desses ao palco e fazia algumas perguntas, sobre tempo de cegueira (algumas de nascença), idas aos médicos, desenganos, e, em seguida, emocionado agradecia a Deus aquelas curas. Tudo obra do Senhor, dizia.
Confesso que fiquei espantado. Deu-me até vontade de (estando sozinho) fazer um teste com os meus joelhos – risos. Não deu certo, sou mesmo um homem de pouca fé.
Conhecendo um pouco a vida de Jesus Cristo, sempre soube que ele era um tanto avesso a comprovações milagrosas. Digamos que o verdadeiro Jesus sempre foi modesto nas suas demonstrações de poder. Ele sempre preferiu libertar as pessoas utilizando métodos pedagógicos eficientes e duradouros. Jesus fez alguns milagres, mas esse não era seu ministério. Mesmo o milagre da multiplicação dos pães, ocorrido numa situação emergencial, quando pediu que todos colocassem o que possuíam em comum, é possível que o milagre mesmo tenha sido o do exercício da partilha. O mesmo aconteceria hoje num mundo faminto, se todos nós colocássemos os nossos bens em comum, ninguém morreria de fome.
Confesso que fiquei tão surpreendido com o que assistia que não desgrudei mais desse canal a manhã inteira.
Depois de observar os “milagres” (que certamente não mereceram a minha credibilidade), o meu olhar foi desviado para a multidão. Ali, certamente haveria muitos funcionários do “bispo”, completando o quadro e facilitando as “revelações”. Mas, ali também havia muita gente boa, inocente, desprotegida, carente, povo de Deus, e suficientemente crentes de estar observando verdadeiros milagres.
Dois cenários distintos. De um lado um “bispo” milagreiro, e sua tropa de choque. Do outro lado, uma população sedenta (povo de Deus). E Deus, onde estaria?
Finalmente um domingo em casa e livre de compromissos. Aproveitei para ficar na cama quase toda a manhã. Correndo, com a ajuda do controle, todos os canais de televisão em busca de alguma coisa interessante, parei no canal que retransmite as atividades de uma determinada igreja. O que me chamou a atenção foi o número de curas realizadas por metro quadrado de sessão. O “bispo”, que enfrentava uma tremenda chuva, ficava a gritar para a platéia: “mais um cego que voltou a enxergar; mais um paralítico que voltou a andar”. Depois, pedia que os paralíticos levantassem as cadeiras de rodas, num sinal de que estavam realmente curados. Ainda fui para o canal adiante, mas a curiosidade me trouxe de volta ao dos milagres. Agora, ele contava os casos que tinham alcançado a “graça” (que não devia ser de graça). Em pouco tempo, apareceram cinco cegos e mais de 10 paralíticos, que enxergavam e corriam.
De vez em quando, trazia um desses ao palco e fazia algumas perguntas, sobre tempo de cegueira (algumas de nascença), idas aos médicos, desenganos, e, em seguida, emocionado agradecia a Deus aquelas curas. Tudo obra do Senhor, dizia.
Confesso que fiquei espantado. Deu-me até vontade de (estando sozinho) fazer um teste com os meus joelhos – risos. Não deu certo, sou mesmo um homem de pouca fé.
Conhecendo um pouco a vida de Jesus Cristo, sempre soube que ele era um tanto avesso a comprovações milagrosas. Digamos que o verdadeiro Jesus sempre foi modesto nas suas demonstrações de poder. Ele sempre preferiu libertar as pessoas utilizando métodos pedagógicos eficientes e duradouros. Jesus fez alguns milagres, mas esse não era seu ministério. Mesmo o milagre da multiplicação dos pães, ocorrido numa situação emergencial, quando pediu que todos colocassem o que possuíam em comum, é possível que o milagre mesmo tenha sido o do exercício da partilha. O mesmo aconteceria hoje num mundo faminto, se todos nós colocássemos os nossos bens em comum, ninguém morreria de fome.
Confesso que fiquei tão surpreendido com o que assistia que não desgrudei mais desse canal a manhã inteira.
Depois de observar os “milagres” (que certamente não mereceram a minha credibilidade), o meu olhar foi desviado para a multidão. Ali, certamente haveria muitos funcionários do “bispo”, completando o quadro e facilitando as “revelações”. Mas, ali também havia muita gente boa, inocente, desprotegida, carente, povo de Deus, e suficientemente crentes de estar observando verdadeiros milagres.
Dois cenários distintos. De um lado um “bispo” milagreiro, e sua tropa de choque. Do outro lado, uma população sedenta (povo de Deus). E Deus, onde estaria?
A proliferação de igrejas comerciais (e não da fé) cresce a cada segundo nesse país sem que as autoridades tomem uma providência para que os leigos de menor fé não sejam enganados. Jesus em sua passagem nesta terra fez pouquíssimos milagres, enquanto alguns "pastores", em uma hora de programa de televisão chega a realizar 10, 12 milagres. Duvido que se durma com um barulho desse e acorde de bom humor.
ResponderExcluirGeraldo