Bispo Auxiliar de Aracaju
Desde Feuerbach até Sartre e Harbemas, passando por Marx e Nietzsche, a razão moderna considera-se emancipada e está convicta de que o homem é o seu próprio salvador. Por isso, para o mundo contemporâneo, é necessário matar Deus para que o homem amadureça e viva, tomando nas suas mãos o próprio destino. Procurar outros salvadores além de si mesmo seria alienação, infantilidade e engano: seria colocar nas mãos de um outro aquilo que é responsabilidade sua. O homem do século XXI, herdeiro do ateísmo dos séculos XIX e XX, está convicto de poder construir sua vida sozinho, sem necessidade alguma de um Salvador. No final do século XIX, Nietzsche exultava com um anti-evangelho: “O maior dentre os últimos acontecimentos – que Deus morreu, que a fé no Deus cristão fez-se incrível – já lançou suas primeiras sombras sobre a Europa...”
Diante desta pretensão, o cristianismo proclama com força algo escandaloso e incômodo, insuportável para a mentalidade atual: que Cristo é o único Senhor, único caminho e única possibilidade de realização para a humanidade; “Não há, debaixo do céu, outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos (At 4,12)”. Ele não aliena, não exime o homem de sua responsabilidade, mas, revelando sua altíssima dignidade, aponta-lhe um ideal sublime e o compromete decididamente na sua autoconstrução e na construção do mundo. Como dizia o Santo Padre Bento XVI, no início do seu pontificado: “Quem faz entrar Cristo na sua vida, nada perde, nada absolutamente, nada daquilo que torna a vida livre, bela e grande. Não! Só nesta amizade se abrem de par em par as portas da vida. Só nesta amizade se abrem realmente as grandes potencialidades da condição humana. Só nesta amizade experimentamos o que é belo e o que liberta. Assim, eu gostaria com grande força e convicção, partindo da experiência de uma longa vida pessoal, de vos dizer hoje: não tenhais medo de Cristo! Ele nada tira, ele dá tudo. Quem se doa por Ele, recebe o cêntuplo. Sim, abri de par em par as portas a Cristo e encontrareis a vida verdadeira!”
Para nós, portanto, o Mestre é Jesus Cristo; não há outros mestres ou salvadores, não há outros caminhos ou mediadores. Só nele está a nossa vida: nele, Deus vem ao homem, dá-se incondicionalmente à humanidade, curando-a, renovando-a e apontando-lhe o caminho. Somente nele o homem se supera realmente e chega à sua verdadeira medida. Rosto divino do homem, rosto humano de Deus! Não há subversão mais eficaz nem mais libertadora contra os totalitarismos, ditaduras, modas ou prisões ideológicas – inclusive as do próprio cristianismo – que afirmar que só ele, Cristo Jesus, é o nosso Mestre e Senhor!
Nenhum comentário:
Postar um comentário