domingo, 15 de maio de 2011

LITURGIA DO IV DOMINGO DA PÁSCOA

Neste IV Domingo da Páscoa, conforme Atos, o discurso de Pedro provoca conversão e entrada na comunidade mediante o Batismo e, em sua carta nos ensina, como devemos proceder para trilharmos o caminho do Mestre. Para tanto, devemos aproveitar este domingo para nos reunir em torno d’Ele, pois, Ele conhece as ovelhas pelas quais foi martirizado numa cruz. Como ovelhas que somos – desgarradas ou no aprisco – devemos fazer de Jesus nosso Senhor e Pastor. Sua presença como Ressuscitado, foi seta e sinal para seus discípulos e apóstolos, suas testemunhas naquele passado distante. Todavia, sua luz continua a brilhar para os pastores e testemunhas do presente: leigos e leigas comprometidos, Diáconos, Presbíteros e Bispos, que conduzem avante – na paz e na unidade – a Igreja da qual o Cristo – Nossa Páscoa - se fez cabeça e pastor: o Bom Pastor.

IV DOMINGO DA PÁSCOA
1ª Leitura: Leitura Leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos 2, 14.36-41
Salmo: 22
2ª Leitura: Leitura da Primeira Carta de São Pedro 2, 20-25
Evangelho: João 10, 1-10
  
EVANGELHO – JOÃO 10, 1-10
"Em verdade, em verdade, vos digo: quem não entra pela porta no redil onde estão as ovelhas, mas sobe por outro lugar, esse é ladrão e assaltante. Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. Para este o porteiro abre, as ovelhas escutam a sua voz, ele chama cada uma pelo nome e as leva para fora. E depois de fazer sair todas as que são suas, ele caminha à sua frente e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. A um estranho, porém, não seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos". Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer. Jesus disse então: "Em verdade, em verdade, vos digo: eu sou a porta das ovelhas. Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo; poderá entrar e sair, e encontrará pastagem. O ladrão vem só para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.

Palavra da Salvação – Glória a vós, Senhor.

HOMILIA PROF. DIÁCONO MIGUEL A. TEODORO
Os evangelistas sinóticos, Mateus, Marcos, Lucas, mencionam apenas uma viagem de Jesus a Jerusalém no fim de seu ministério exercido na Galiléia e regiões gentílicas vizinhas. Por sua vez, João, no seu evangelho, narra cinco viagens a Jerusalém no período das celebrações de cinco importantes festas religiosas do judaísmo, em torno do Templo.

Em cada uma destas ocasiões, Jesus, com seu ensino e com sua prática, revela o Deus libertador e Deus de amor, questionando a doutrina e a prática do Templo. Jesus suscita, assim, a ira dos chefes religiosos de Jerusalém, apegados à sua tradicional doutrina que lhes conferia poder e prestígio.

Na terceira viagem a Jerusalém, por ocasião da festa das Tendas, em um contexto de vários conflitos com os chefes do judaísmo, Jesus cura um cego de nascença (veja a reflexão que publicamos para o 4º Domingo da Quaresma). Então o homem que era cego passa a proclamar sua fé em Jesus, e por isto é expulso das sinagogas pelos chefes religiosos de Israel.

Em continuidade à narrativa da cura do cego de nascença, com o longo diálogo conflitivo e revelador entre Jesus e os fariseus, João apresenta em seu evangelho a parábola da porta do redil.

Neste contexto, o redil de ovelhas é imagem do povo oprimido que Jesus vem libertar e comunicar vida, desqualificando a sinagoga como local de encontro agradável a Deus. Jesus é a porta do redil onde se reúnem as ovelhas. Os autênticos pastores deste redil são aqueles que entram por Jesus. Os que vieram antes de Jesus, os fariseus e demais chefes religiosos do Templo, são ladrões e assaltantes. Não vieram para o bem das ovelhas, mas sim para roubar, matar e destruir.

Esta parábola é, também, uma advertência aos fieis das comunidades para não retornarem às práticas e observâncias tradicionais, das quais foram libertados por Jesus. A sentença final exprime todo o sentido da encarnação do Filho de Deus: "Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância". Se Jesus é a porta do redil, e os autênticos pastores são aqueles que entram através de Jesus, logo a seguir Jesus também se identifica como sendo o Bom Pastor, por excelência, que consagra sua vida ao cuidado do rebanho.

Ora, em Jesus, aqueles que andavam desgarrados como ovelhas, agora encontram o pastor que os protege e cuida deles – observem a leitura da primeira carta de São Pedro. Porém, na leitura do livro de Atos – a primeira – Pedro se revela como um autêntico pastor de Jesus e dirige sua pregação ao povo de Israel, a quem atribui a responsabilidade pela morte do Mestre, convidando-o à conversão.

Nesse sentido, podemos entender que, a vontade de Deus é que todos, sem qualquer discriminação, se unam pelo batismo em nome de Jesus, recebendo o Espírito Santo de Amor e Verdade, no empenho do resgate da vida e da dignidade humana neste mundo, como caminho para a vida eterna. Todos nós batizados, indistintamente, devemos escutar a voz da Igreja que é a voz de Cristo: o verdadeiro Pastor de nossas vidas.

ORAÇÃO
Pai, torna-me um discípulo dócil de Jesus, o verdadeiro pastor que arriscou a própria vida para me salvar. Somente ele poderá conduzir-me para ti. Mostra-me, Pai, num mundo de tantas tribulações, discernimento, força, fé e coragem, para que a docilidade que Lhe peço faça de mim verdadeiro agente de transformação para que, através da autenticidade de meu testemunho, eu possa realmente merecer a vida eterna. Amém.

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