São Pedro é festejado no dia 29 de junho,
um dia de importantes manifestações folclóricas,
principalmente no Nordeste brasileiro.
Segundo a Bíblia, seu nome original não era Pedro, mas Simão. Nos livros dos Atos dos Apóstolos e na Segunda Epístola de Pedro, aparece ainda uma variante do seu nome original, Simeão. Cristo mudou seu nome para כיפא, Kepha (Cefas em português, como em Gálatas 2:11), que em aramaico significa "pedra", "rocha", nome este que foi traduzido para o grego como Πέτρος, Petros, através da palavra πέτρα, petra, que também significa "pedra" ou "rocha", e posteriormente passou para o latim como Petrus, também através da palavra petra, de mesmo significado.
A mudança de seu nome por Jesus Cristo, bem como seu significado, ganham importância de acordo com a Igreja Católica em Mt 16, 18, quando Jesus diz: "E eu te declaro: tu és Kepha e sobre esta kepha edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão nunca contra ela." Jesus comparava Simão à rocha. Pedro foi o fundador, junto com São Paulo, da Igreja de Roma, sendo-lhe concedido o título de Príncipe dos Apóstolos. Esse título é um tanto tardio, visto que tal designação só começaria a ser usada cerca de um século mais tarde, suplementando o de Patriarca (agora destinado a outro uso). Pedro foi o primeiro Bispo de Roma. Essa circunstância é importante, pois daí provém a primazia do Papa e da diocese de Roma sobre toda a Igreja Católica; posteriormente esse evento originaria os títulos "Apostólica" e "Romana".
SÃO PEDRO E AS CHAVES DO CÉU
Antes de se tornar um dos doze discípulos de Cristo, Simão era pescador. Teria nascido em Betsaida e morava em Cafarnaum. Era filho de um homem chamado João ou Jonas e tinha por irmão o também apóstolo Santo André. Novas pesquisas no campo demonstram que Pedro e os demais apóstolos não eram simples pescadores. Ele e André eram "empresários" da pesca e tinham sua própria frota de barcos, em sociedade com Tiago, João e o pai destes Zebedeu. Pedro era casado e tinha pelo menos um filho. Sua esposa era de uma família rica e moravam numa casa própria, cuja descrição é muito semelhante a uma villa romana, na cidade "romana" de Cafarnaum. O pai da esposa de Pedro chamava-se Aristóbulo, que tinha um irmão conhecido por Barnabé, e pertenciam provavelmente a uma família aristocrática, possivelmente a do rei Herodes.
Segundo o relato no Evangelho de São Lucas, Pedro teria conhecido Jesus quando este lhe pediu que utilizasse uma das suas barcas, de forma a poder pregar a uma multidão de gente que o queria ouvir. Pedro, que estava a lavar redes com São Tiago e João, seus sócios, concedeu-lhe o lugar na barca que foi afastada um pouco da margem.
No final da pregação, Jesus disse a Simão que fosse pescar de novo com as redes em águas mais profundas. Pedro disse-lhe que tentara em vão pescar durante toda a noite e nada conseguira, mas, em atenção ao seu pedido, fá-lo-ia. O resultado foi uma pescaria de tal monta que as redes iam rebentando, sendo necessária a ajuda da barca dos seus dois sócios, que também quase se afundava puxando os peixes. Numa atitude de humildade e espanto Pedro prostrou-se perante Jesus e disse para que se afastasse dele, já que é um pecador. Jesus encorajou-o, então, a segui-lo, dizendo que o tornará "pescador de homens".
Nos Evangelhos Sinóticos o nome de Pedro sempre encabeça a lista dos discípulos de Jesus, o que na interpretação da Igreja Católica Romana deixa transparecer um lugar de primazia sobre o Colégio Apostólico. Não se descarta que Pedro, assim como seu irmão André, antes de seguir Jesus, tenha sido discípulo de João Batista.
Outro dado interessante era a estreita amizade entre Pedro e João Evangelista, fato atestado em todos os evangelhos, como por exemplo, na Última Ceia, quando pergunta ao Mestre, através do Discípulo Amado, quem o haveria de trair ou quando ambos encontram o sepulcro de Cristo vazio no Domingo de Páscoa. Fato é que tal amizade perdurou até mesmo após a Ascensão de Jesus, como podemos constatar na cena da cura de um paralítico posto nas portas do Templo de Jerusalém.
Segundo a tradição defendida pela Igreja Católica Romana, o apóstolo Pedro, depois de ter exercido o episcopado em Antioquia, teria se tornado o primeiro Bispo de Roma. Segundo esta tradição, depois de solto da prisão em Jerusalém, o apóstolo teria viajado até Roma e aí permanecido até ser expulso com os judeus e cristãos pelo imperador Cláudio, época em que haveria voltado a Jerusalém para participar da reunião de apóstolos sobre os rituais judeus no chamado Concílio de Jerusalém. A Bíblia atesta que após esta reunião, Pedro ficou em Antioquia, como o seu companheiro de ministério, Paulo, afirma em sua carta aos gálatas. A tradição da Igreja Católica Romana afirma que depois de passar por várias cidades, Pedro haveria sido martirizado em Roma entre 64 e 67 d.C. Desde a Reforma, teólogos e historiadores protestantes afirmaram que Pedro não teria ido a Roma, esta tese foi defendida mais proeminentemente por Ferdinand Christian Baur da Escola Tübingen. Outros, como Heinrich Dressel, em 1872, declararam que Pedro teria sido enterrado em Alexandria, no Egito ou em Antioquia. Hoje, porém os historiadores concordam que Pedro realmente viveu e morreu em Roma. O historiador luterano Adolf Harnack afirmou, que as teses anteriores foram tendenciosas e prejudicaram o estudo sobre a vida de Pedro em Roma. Sua vida continua sendo objeto de investigação, mas o seu túmulo está localizado na Basílica de Pedro no Vaticano, o qual foi descoberto em 1950 após anos de meticulosa investigação.
Acredita-se que assim como Judas Iscariotes, Pedro tenha sido um zelota, grupo no qual teria surgido dos fariseus e constituía-se de pequenos camponeses e membros das camadas mais pobres da sociedade.Tal fato pode ser verificado em Marcos 3,19. Some-se a todos estes itens ainda o fato de os Evangelhos narrarem que Pedro negou a Jesus durante o famoso episódio em que o galo cantou.
O PRIMADO DE PEDRO SEGUNDO A IGREJA CATÓLICA
Cristo entrega as chaves do céu a Pedro (Perugino, Capela Sistina).
Toda a primeira parte do Evangelho gira em torno da pergunta: quem é Jesus? Simão foi o primeiro dos discípulos a responder essa pergunta: Jesus é o filho de Deus. É esse acontecimento que leva Jesus a chamá-lo de Pedro.
Encontramos o relato do evento no Evangelho de São Mateus, 16:13-19: Jesus pergunta aos seus discípulos (depois de se informar do que sobre ele corria entre o povo): "E vós, quem pensais que sou eu?". Simão Pedro, respondendo, disse: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Jesus respondeu-lhe: “Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que te revelaram isso, e sim Meu Pai que está nos céus. Também Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja, e as portas do Hades nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus. E o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16, 16:19).
O Evangelho de João, bem como o de Lucas, também falam a respeito do primado de Pedro dever ser exercido particularmente na ordem da Fé, e que Cristo o torna chefe: Jesus disse a Simão (Pedro): "Simão, filho de João, tu Me amas mais do que estes? "Ele lhe respondeu: "Sim, Senhor, tu sabes que te amo". Jesus lhe disse: "Apascenta Meus cordeiros". Segunda vez disse-lhe: "Simão filho de João, tu Me amas? - "Sim, Senhor”, disse ele, “tu sabes que te amo". Disse-lhe Jesus: "Apascenta Minhas ovelhas". Pela terceira vez lhe disse: "Simão filho de João, tu Me amas? Entristeceu-se Pedro porque pela terceira vez lhe perguntara “Tu Me amas?” e lhe disse: "Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo". Jesus lhe disse: "Apascenta Minhas ovelhas.
Simão, Simão, eis que Satanás pediu insistentemente para vos peneirar como trigo; Eu, porém, orei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. Quando, porém, te converteres, confirma teus irmãos.
Mais do que em Mt 16, 17:19 esse texto é mais claro no que se refere ao primado que Cristo confere a Pedro no próprio seio dos apóstolos; um papel de direção na Fé.
O APÓSTOLO PEDRO, O PRIMEIRO BISPO DE ROMA
A comunidade de Roma foi fundada pelos apóstolos Pedro e Paulo e é considerada a única comunidade cristã do mundo fundada por mais de um apóstolo e a única do Ocidente instituída por um deles. Por esta razão desde a antiguidade a comunidade de Roma (chamada atualmente de Santa Sé pelos católicos) teve o primado sobre todas as outras comunidades locais (dioceses); nessa visão o ministério de Pedro continua sendo exercido até hoje pelo Bispo de Roma (segundo o catolicismo romano), assim como o ministério dos outros apóstolos é cumprido pelos outros Bispos unidos a ele, que é a cabeça do colégio apostólico, do colégio episcopal. A sucessão papal (de Pedro) começou com São Lino (67) e, atualmente é exercida pelo papa Bento XVI.
Segundo essa visão, o próprio apóstolo Pedro atestou que exerceu o seu ministério em Roma ao concluir a sua primeira epístola: "A Igreja, que está em Babilônia, eleita como vós, vos saúda, como também Marcos, meu filho.". Trata-se da Igreja de Roma. Assim também o interpretaram todos os autores desde a Antiguidade, como abaixo, como sendo a Roma Imperial (decadente). O termo não pode referir-se à Babilônia sobre o Eufrates, que jazia em ruínas ou à Nova Babilônia (Selêucia) sobre o rio Tigre, ou à Babilônia Egípcia cerca de Mênfis, tampouco a Jerusalém; deve, portanto referir-se a Roma, a única cidade que é chamada Babilônia pela antiga literatura Cristã.
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