O Papa Bento XVI alertou para que os governos utilizem energias puras e respeitem o meio ambiente, evitando o uso de uma energia perigosa para o homem. O alerta foi feito na quinta-feira, 9, durante a audiência com os embaixadores junto a Santa Sé da Moldávia, Guiné Equatorial, Belize, Síria, Gana e na Nova Zelândia.
Recebidos no Vaticano, os embaixadores apresentaram suas Cartas Credenciais. No discurso, o Papa salientou que os debates sobre os cuidados ambientais não devem ser conduzidos sobre interesses políticos e econômicos.
“O primeiro semestre deste ano foi marcado por numerosas tragédias que atingiram a natureza, as tecnologias e as pessoas”, recordou o Pontífice.
O Santo Padre ressaltou que antes de tudo, a segurança das pessoas deve ser pensada, não os interesses de algumas partes.
De modo muito direto, Bento XVI disse aos embaixadores que o fato deles terem vindo dos cinco continentes simboliza a universalidade dos temas aos quais o Papa deve sustentar numa precisa reflexão.
“O homem, ao qual Deus confiou a gestão da natureza, não pode ser dominado pela tecnologia e tornar-se seu objeto. Esta consciência deve conduzir os estados a refletirem juntos sobre o futuro, a curto prazo, do planeta, sobre suas responsabilidades em relação a proteção da nossa vida e a tecnologia”, reforçou o Papa.
Para Bento XVI a ecologia humana é um imperativo. Assim, adotar um estilo de vida que respeita o ambiente e sustentar a busca e a exploração de energias puras, que respeitam o patrimônio da criação e que sejam inofensivas aos seres humanos, devem ser prioridades políticas e econômicas.
É necessário rever completamente a relação do homem com a natureza, disse o Santo Padre, pois ela não é apenas um espaço de divertimento ou um espaço a ser utilizado. Bento XVI alertou que a ausência de um estilo de vida que respeite a aliança entre o homem e a natureza pode causar o desaparecimento de toda família humana.
“Todos os governos devem empenhar-se em proteger a natureza e cumprir o seu papel essencial na sobrevivência da humanidade. As Nações Unidas parecem ser o lugar natural para tal reflexão, que não deve ser ofuscada por interesses políticos e econômicos cegamente partidários, a fim de favorecer a solidariedade além dos interesses pessoais”, salientou o Pontífice.
Destacando sobre o desenvolvimento da tecnologia, Bento XVI afirmou que o desfrute de suas capacidades tem causado desastres ecológicos e sociais. Apostar tudo no desenvolvimento tecnológico, reforça o Papa, ou acreditar que essa é a única causa do progresso ou da felicidade, é mercantilizar o homem, algo que, cedo ou tarde, se volta contra ele.
“Basta ver os danos do progresso e os perigos que faz correr a humanidade uma tecnologia onipotente e, em última análise, não controlada. A tecnologia que domina o homem priva-o de sua humanidade. O orgulho que essa gera leva nossa sociedade a uma economia intransigente e a um certo hedonismo que determina subjetivamente e egoisticamente os comportamentos”, disse o Pontífice.
Assim, prosseguiu o Papa, é extremamente necessário que pesquisadores e cientistas saibam desenvolver tecnologias com forte consciência ética, ajudando a natureza a se desenvolver de acordo com os planos do Criador. Ele completou dizendo que os governadores devem promover um humanismo que respeite as dimensões espirituais e religiosas do homem.
“Respeitar suas aspirações por justiça e paz permite a construção de uma sociedade que se promove por ela mesma quando sustenta a família ou recusa, por exemplo, a primazia exclusiva da economia. Um país vive da plenitude da vida dos cidadãos que o compõe, cada um consciente de suas próprias responsabilidades e das possibilidades de fazer valer as próprias convicções”, salientou Bento XVI.
O Papa finalizou enfatizando que o impulso natural para a verdade e a bondade é uma fonte de energia que cria o desejo de trabalhar em conjunto para alcançar o bem comum.
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