sábado, 3 de março de 2012

SEREIS UMA SÓ CARNE - Parte 6 - Artigos do Prof. Felipe Aquino


DIFERENÇAS PSICOLÓGICAS

D
eus, na sua infinita sabedoria, criou o homem e a mulher completamente diversos, para que pudessem se atrair e se completar maravilhosamente. Se os analisarmos detalhadamente, veremos que em tudo são diferentes e complementares: no corpo, na mente e no coração. São como duas mãos que perfeitamente se entrelaçam e se voltam para adorar o Criador.

Tantas vezes é justamente aí que residem muitas causas de desentendimentos. Por isso, é necessário que cada um se conheça a si mesmo e conheça também o outro, e que ambos tenham em mente que são diferentes em tudo. É no amor e na compreensão – jamais na violência de qualquer espécie – que as diferenças se ajustaram sem atrito, formando um tudo harmonioso. O casal, conhecendo seus aspectos semelhantes e divergentes, poderá exercer toda sua criatividade e comunicação. As diferenças de raça, classe social, cultura e costumes que cada um trás para o casamento, devem ser ajustadas mediante uma revisão de conceitos, preconceitos e tabus anteriormente adquiridos.

Enquanto o homem é fisicamente forte, combativo, dinâmico e dotado de raciocínio frio e rigoroso, a mulher é mais graça e encanto físico, mas intuitiva, direta, cordial e dotada de maior percepção das causas imediatas. Enquanto o homem tende a dominar as pessoas e as coisas com espírito de decisão e iniciativa, tem uma visão segura dos objetivos, com a preocupação voltada para a síntese e é preso ao essencial, a mulher é mais voltada para a compreensão, o detalhe. Enquanto o homem tem a visão do conjunto, sensível à harmonia do todo, juízo lógico, possui pouca sensibilidade e maior controle emocional, é egocêntrico, racionalista e menos imaginativo, a mulher é mais imaginação, mais sentimento, com variações súbitas de humor por influência dos fenômenos fisiológicos. Enfim, enquanto o coração do homem é o mundo, o mundo da mulher é o seu coração. Enquanto o homem foi preparado por Deus para ser pai, esposo e cabeça do lar, a mulher foi preparada para ser mãe, esposa e coração do lar.

A mulher fala, em média, 7000 palavras por dia, o seu psiquismo é voltado para o detalhe, e ela gosta de detalhar bem as coisas que explica; já o homem, fala em média apenas 4000 palavras por dia. Deus nos fez assim; mas se não soubermos disso, pode haver muita briga no casamento porque um acha que o outro fala demais ou de menos. É apenas uma saudável diferença entre os sexos. É por isso que muitas vezes o homem chega em casa já cansado, querendo descansar, e não tem paciência para ouvir a esposa que quer contar tudo o que aconteceu durante o dia, e com muitos detalhes. Tenha paciência e ouça a esposa...

A perfeita adaptação psicológica exige boa vontade do casal. É preciso cuidar que sob a capa de “características psicológicas” masculinas ou femininas não se escondam maus hábitos, vícios ou comportamentos inaceitáveis. O espírito dominador de muitos homens, por exemplo, não pode ser justificado como sendo uma característica natural da psicologia masculina.

A comunhão do casal, terminando com o individualismo, se dará quando semelhanças e diversidades se conjugarem em vez de se prejudicarem. A comunhão surge, sobretudo, do diálogo, e não só do olhar, da linguagem e da realização de tarefas comuns aos dois. A descoberta do outro exigirá um “sim” sincero às diferenças, e o desejo profundo de desenvolver as potencialidades dele, empenhando-se em descobrir e conhecer seu temperamento, sua educação familiar, seu meio social, seu esforço pessoal para a construção de sua própria personalidade.

Em geral, o marido espera de sua esposa, por exemplo, atração física, o capricho pessoal, carinho, zelo doméstico sem exagero, compreensão do sentido do seu trabalho e estimulo para o esforço que lhe cabe desenvolver. A mulher espera do marido, entre muitas outras coisas, compreensão, segurança que advém da maturidade do marido, afeição, um pouco de romance, atenção às qualidades pessoais, atenção a pequenos fatos, datas e detalhes de sua apresentação, tão importantes para ela, estimulo para sua realização pessoal, inclusive profissional. Quantas brigas poderiam ser evitadas se os maridos não esquecessem as datas e detalhes que são importantíssimos para as mulheres. Enfim, na vida a dois, cada um deverá estar atento para descobrir e fazer aquilo que agrada ao outro e o faz crescer como pessoa.

Jamais poderá existir, entre marido e mulher, o espírito competitivo que leva cada um a ver no outro um rival. Quanto mais a mulher for autenticamente feminina e o homem autenticamente masculino, maior riqueza e beleza haverá na sua unidade. Longe de nós as idéias e os movimentos que querem igualá-los, destruindo a sua complementaridade. Ambos são igualmente dignos e ricos “à imagem e semelhança de Deus” (cf. Gn 1,26).

São Paulo diz aos casais cristãos: “Sujeitai-vos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres sejam submissas aos seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o chefe da mulher, como Cristo é o chefe da Igreja (...) Maridos amém as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (...). Assim os maridos devem amar as suas mulheres, como seu próprio corpo. Quem ama sua mulher, ama-se a si mesmo. Certamente ninguém jamais aborreceu a sua própria carne ao contrário, cada qual a alimenta e a trata, como Cristo faz à sua Igreja” (Ef 5,21-23 a 25,28-29).

O Papa Leão XIII nos explica melhor ainda: “O marido é o chefe da família e a cabeça da mulher; e esta, portanto, porque junto é carne de sua carne e ossos de seus ossos, não deve sujeitar-se a obedecer seu marido como escrava, mas como companheira, isto é, de tal modo que a sujeição que lhe presta não seja destituída de acordo nem de dignidade” (Encíclica Arcanum 10/2/1880)1.

E Pio XI resume esplendidamente: “Se efetivamente o homem é a cabeça, e a mulher é o coração (do lar): se um tem o primado do governo, também a outra pode e deve atribuir-se como coisa sua o primado do amor” (Encíclica Casti Connubii, 31/12/1930)2.

Nenhuma instituição pode funcionar se possuir duas cabeças. Isso é particularmente verdadeiro no lar. Muitos psicólogos e educadores modernos parecem dar à mulher a ideia de que a submissa é uma noção antiquada que teve o seu fim junto com o século XIX. Entretanto, temos hoje mais mulheres, homens e crianças frustradas do que em qualquer outra época. Com a degradação da imagem do pai e crescente dominação da mãe, temos testemunhado um aumento da delinqüência juvenil, da rebelião, da homossexualidade e do divorcio. Deus é quem quis que, no lar, o homem fosse a cabeça e a mulher o coração, e para isso os preparou. Não há inferioridade em tal disposição, apenas complementaridade.

Submissão não significa escravidão e, geralmente, a mulher descobre que se sente melhor quando dócil do que quando é dominadora. Tenho visto que, quando a mulher entende e aceita o seu lugar no casamento, acaba descobrindo que a reação do marido é de delicadeza e de bondade, o que coloca ponto final às hostilidades entre eles.

Haverá ocasiões em que ela terá de fazer algumas coisas que realmente não queria; mas, semeando obediência, colherá muitas bênçãos. Especialmente as mulheres que tem um temperamento mais agressivo do que o do marido terão que lutar mais nesse sentido, entendendo que essa é a vontade de Deus para a felicidade do lar. Elas precisarão estar atentas para vencer a inclinação intuitiva de tomar decisões espontâneas antes do marido.

Deus nunca pediria à mulher que se sujeitasse ao marido, se não fosse para o bem dela. Também em relação às finanças isso é importante. Está se tornando cada vez mais comum as esposas trabalharem fora do lar para ajudar o marido e se realizar profissionalmente, o que é justo. Entretanto, há certos riscos que é preciso evitar. Se a mulher trabalha e usa seu dinheiro em separado, pode desenvolver um sentimento de independência e suficiência própria que Deus não desejou para a esposa.

O casamento pode ser mais feliz ou a mais medíocre experiência da vida. Deus criou o sexo opostos para se completarem. Ele quis que o homem e a mulher se unissem em matrimônio de modo que cada um pudesse dar aquilo que falta ao outro. Por isso é preciso saber usar da inteligência para que essas diferenças não produzam incompatibilidades.

Muitos casais estão tão apaixonados que, antes do casamento, vêem somente as qualidades do outro. Depois de casados, entretanto, as fraquezas de cada um começam a aparecer.

Muitos pensam que a adaptação conjugal é sempre fácil. Antes do casamento, tudo parece tão simples. Os dois só se encontram durante algumas horas por dia ou por semana e é fácil reservar, para essas poucas horas, o melhor humor, a melhor aparência, as qualidades e o encanto pessoal. Será isso tão fácil quanto se viver junto, todos os dias, todas as noites do ano inteiro?

O processo de adaptação conjugal dura a vida toda, mas fase mais importante é certamente a do inicio da vida a dois, que exigirá sacrifício, concessões mútuas, compreensão, fraqueza recíproca, respeito e amor.

As estatísticas mostram que 50% dos casais que se separam o fazem antes de três anos de casados. São as fraquezas de um que irritam as fraquezas do outro e geram os conflitos de temperamento. Mas as diferenças não precisam ter conseqüências desastrosas e não constituem ameaça para um casamento. A atitude do casal para com as divergências é que vai determinar o sucesso ou a ruína do matrimônio.

Muitos casamentos estáveis de hoje experimentam fortes conflitos no passado. Essas crises podem contribuir para o crescimento do amor. É preciso saber resolver os conflitos.

Se você, por exemplo, sente frustração, ressentimentos ou qualquer forma de hostilidade, pare e olhe objetivamente para aquilo que os causa. Em seguida, depois de pedir a Deus que ajude com sua sabedoria, fale com seu marido sobre a falha dele, com amor, sem reclamações e condenações, objetivamente, no momento apropriado e sem se emocionar demais. Nunca fale com raiva e sempre lhe dê tempo para pensar sobre o que você disse. Então, deixe o assunto a cargo de Deus e peça-lhe para enchê-los do Seu amor, de modo que vocês possam amar-se verdadeiramente, apesar de suas fraquezas.

Seguindo repetidamente esse procedimento, você comprovará que sua reação diante das ações do seu comportamento será dirigido por Deus, e seu amor aumentará de tal maneira que cobrirá uma infinidade de fraquezas, fazendo com que vocês se complementem tão harmoniosamente quanto duas mãos que se entrelaçam e se põem a adorar Aquele que os uniu para sempre.

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