“O FILHO, SERVO DE DEUS
PAI
E DOS IRMÃOS!”
Encontramos no Servo Sofredor a expressão máxima da
entrega e do serviço a Deus e à humanidade. Que possamos também nós,
confiantes, seguirmos Jesus, o Filho do Homem, transformando nossa vida em
missão no anúncio da Palavra e da vontade libertadora de Deus Pai. Lembramos
hoje, de maneira especial, todos aqueles que partem e se fazem missão.
29º Domingo Comum
1ª Leitura: Is 53,10-11
Salmo Responsório: 32
2ª Leitura: Hb 4,14-16
Evangelho: Mc 10,35-45
EVANGELHO
MARCOS 10,35-45
Naquele
tempo, 35Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe
disseram: “Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir”.
36Ele perguntou: “O que quereis que eu vos faça?”
37Eles responderam: “Deixa-nos sentar um à tua
direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!”
38Jesus então lhes disse: “Vós não sabeis o que
pedis. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados
com o batismo com que vou ser batizado?”
39Eles responderam: “Podemos”.
E ele lhes
disse: “Vós bebereis o cálice que eu devo beber, e sereis batizados com o
batismo com que eu devo ser batizado. 40Mas não depende de mim
conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aqueles a quem foi
reservado”.
41Quando os outros dez discípulos ouviram isso,
indignaram-se com Tiago e João.
42Jesus os chamou e disse: “Vós sabeis que os chefes
das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. 43Mas, entre vós,
não deve ser assim; quem quiser ser grande, seja vosso servo; 44e
quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. 45Porque o
Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como
resgate para muitos”.
— Palavra
da Salvação.
- Glória a
vós, Senhor.
HOMILIA
JOHAN KONINGS, SJ
Do livro “Liturgia
Dominical”, Editora Vozes
JESUS VEIO
PARA SERVIR E DAR SUA VIDA
Podemos
gostar de crucifixos de marfim, com gotas de sangue em rubis, como era a moda
nas mansões coloniais do século XVIII. Mas não gostamos de um homem diminuído,
quebrado, mutilado, ofensa à humanidade. Ora, Deus gosta – não por sadismo
(como se precisasse de castigar alguém), mas por verdadeiro amor, que é
comunhão, pois se reconhece no justo que foi esmagado por causa da justiça. Num
só justo assim, Deus mesmo assume a dívida de muitos, de todos. Os judeus
aprenderam isso no exílio babilônico. Não se sabe quem foi o justo torturado
pelos ímpios, do qual fala Is 52,13-53,12 (1ª leitura), mas sabemos o que
Israel dele aprendeu: enquanto diante dele cobriam o rosto, aprenderam que ele
carregou os pecados do povo e morreu por eles.
Como é
possível isso? “Chorarão sobre aquele que traspassaram” (Zc 12,10). Parece que
a humanidade precisa ver em alguém o resultado de sua malícia, para dela se
arrepender. As reivindicações sociais só são concedidas depois de algumas (ou
muitas) mortes. Os movimentos de emancipação só vencem quando há mártires.
Infeliz humanidade, que só aprende de suas vítimas. Por isso é que Deus ama os
que são vitimados. Não porque goste de vingança e sangue, mas porque eles são
os seus melhores profetas, seus porta-vozes. Ele se identifica com eles,
exalta-os, inclusive, na própria veneração do povo, que, venerando-os, se
arrepende de suas faltas e por eles é perdoado e verdadeiramente libertado.
Deus ama duplamente o justo sacrificado: a primeira vez, por ser justo e
testemunhar a justiça; a segunda, porque seu sangue leva os outros à justiça.
O justo
padecente é o modelo conforme o qual Jesus concebe sua missão (evangelho).
Entretanto, os seus melhores discípulos pretendem reservar-se os lugares de
honra no Reino (Mt 19,16ss abranda a situação, dizendo que foi a mãe deles que
o pediu … ). Jesus então lhes ensina que tais pretensões cabem aos poderosos
deste mundo, mas não têm vez no Reino de Deus. No Reino de Deus se deve beber o
cálice de Jesus, receber o batismo que ele recebe – e os discípulos, sem
entender o que Jesus quer dizer, confirmam que eles farão isso. Como, de fato,
o fizeram, depois que o exemplo de Jesus lhes ensinara o que estas figuras
significavam.
O “poder” no
Reino de Deus consiste no servir. O amor só tem poder enquanto ele é doado e se
coloca a serviço. Para atingir o coração (e a Deus interessa só isso) é preciso
penetrar até o nível da liberdade da pessoa. Ninguém ama por constrangimento. A
liberdade surge quando alguém pode tomar ou não tomar determinada decisão.
Diante da força que se impõe, não há liberdade. Diante do serviço de alguém que
se toma submisso a mim, posso decidir alguma coisa. Por isso, Jesus quer estar
a serviço, para que se possa livremente decidir que “reino” se prefere.
Servir é ser
pequeno. Ministro (servo) tem a ver com mínimo. Frente ao pequeno, o homem
revela o que tem no seu coração: bondade ou sede de poder. Jesus quis ser
pequeno, para que os corações se revelassem, não tanto a ele e Deus, que os
conhece, mas a si mesmos, pois o maior desconhecido para mim é meu próprio
coração. Assumindo o caminho do paciente testemunho da verdade, divergente das
conveniências da sociedade dominante, Jesus se tomou servo e fraco, sempre
exposto e sem defesa. Tornou-se cordeiro (cf. Is 53,7). O resultado só podia
ser o que de fato aconteceu. Foi eliminado, e até seus discípulos tiveram
vergonha dele. Mas, muito mais do que no caso do justo de Is 53, Jesus tomou-se
“pedra de toque” dos corações e da sociedade toda, com suas estruturas e tudo.
Esta é a
mensagem que Mc nos deixa entrever a partir do 3° anúncio da Paixão (Mc
10,32-34; estes versículos poderiam ser incluídos na leitura, para mostrar
melhor que as palavras sobre o servir não são apenas uma crítica aos filhos de
Zebedeu, mas uma interpretação do caminho do Cristo).
A 2ª leitura
cabe bem neste contexto litúrgico. Embora a figura do sacerdote não seja
exatamente a do Servo, entendemos perfeitamente que é o Cristo-Servo que, pela
fidelidade à sua missão, se torna o verdadeiro “santificador”. Hb acentua que
exatamente a participação de Jesus nos mais profundos abismos da condição
humana – exceto o pecado – o qualifica para ser o melhor sacerdote imaginável.
Um sacerdote que não está do outro lado da barra, mas que participa conosco. E,
num seguinte passo, dirá ainda que este sacerdote não precisa de sacrifícios
alheios à nossa condição humana (portanto, meramente simbólicos), mas torna sua
própria vida instrumento de salvação.
ORAÇÃO
Acolhei
Senhor, nossas preces, e fazei de nós Missionários do vosso Reino de Vida e de
Paz para todos os povos. Amém!
LEMBRE-SE:
“SE NÃO PARTICIPARMOS DA MISSA, DE NADA VALE NOSSO
ESFORÇO SEMANAL.”
Editado por MFC ALAGOAS
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