“CORAGEM,
LEVANTA-TE, JESUS
TE CHAMA!”
Estamos
encerrando o mês missionário. Nós, batizados, fomos libertados da cegueira, não
estamos mais à beira do caminho. Agora somos chamados a ouvir os clamores de
quem está fora da estrada, ansiando por Jesus. Nem sempre esses clamores são
ruidosos, mas o Espírito nos ajuda a perceber a inquietação dos que, no mundo,
não têm o coração voltado para o Deus da verdade. Toda a Igreja é missionária.
30º DOMINGO COMUM
1ª
Leitura: Jr 31,7-9
Salmo
Responsório: 125
2ª
Leitura: Hb 5,1-6
Evangelho:
Mc 10,46-52
EVANGELHO
Marcos
10,46-52
Naquele tempo, 46Jesus
saiu de Jericó, junto com seus discípulos e uma grande multidão. O filho de
Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, estava sentado à beira do caminho.
47Quando
ouviu dizer que Jesus, o Nazareno, estava passando, começou a gritar: “Jesus,
filho de Davi, tem piedade de mim!”
48Muitos
o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi,
tem piedade de mim!”
49Então
Jesus parou e disse: “Chamai-o”. Eles o chamaram e disseram: “Coragem,
levanta-te, Jesus te chama!”
50O cego
jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus.
51Então
Jesus lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre,
que eu veja!”
52Jesus
disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e
seguia Jesus pelo caminho.
— Palavra da Salvação.
-
Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Padre Amaro Gonçalo
“DEU UM
SALTO E FOI TER COM JESUS” (Mc 10,50)!
Este sim é um verdadeiro salto vital, um
salto de qualidade na fé, um passo em frente, na adesão a Cristo, Único
Salvador. Podemos mesmo ver, nos passos da cura deste cego, o nosso próprio
caminho da fé, desde o seu desejo de ver a Deus, até chegar à fonte da luz, que
o ilumina, desde o batismo. À luz, deste luminoso passo da Escritura, vejamos
os três passos fundamentais, no caminho da fé cristã:
1. Para chegar a fé, é preciso, em primeiro
lugar, reconhecer, diante de Deus, que sou “um infeliz, um miserável, um pobre,
cego e nu” (Ap.3,17). É preciso gritar, como aquele cego, e desde o mais fundo
de mim mesmo, uma e outra vez: “Jesus, filho de David, tem piedade de mim”. É
esta oração que comove o coração de Cristo, que então para, manda chamar o cego
e o cura. Assim se vê, que sem a humildade, de quem se reconhece necessitado de
salvação, não é possível chegar à fé, que nos salva. Como vos escrevi na Carta
Pastoral, “a fé salva-me, na medida em que me cura de uma vida centrada e
apostada em Mim, e me leva a abrir o coração, a um Deus, que é maior do que eu”
(Abri os corações, n.10). Isso mesmo o atesta a cena do evangelho, que nos fala
precisamente de uma fé “que nos liberta da ideia de que nos fazemos ou salvamos
sozinhos. Dizer que é «a fé que nos salva», significa dizer que «não sou eu,
com as minhas virtudes pessoais, que posso merecer ou conquistar a salvação.
Sou salvo por um Amor, que é maior do que o meu pecado e maior do que o meu
coração»” (Ibidem).
2. Mas, para chegar à fé, é preciso,
depois, ter a coragem de sair da berma do caminho, para chegar ao encontro
pessoal com Cristo. Isto implica liberdade para atirar fora a capa, que nos
esconde as misérias, e disponibilidade, para responder e corresponder à Palavra
de Cristo, que me chama. Na verdade, o momento decisivo da fé é o encontro
pessoal e direto entre o Senhor e aquele homem que sofria. Encontram-se um
diante do outro: Deus, com a sua vontade de curar, e o homem, com o seu desejo
de ser curado. Duas liberdades, duas vontades convergentes: "Que queres
que Eu te faça?", pergunta o Senhor. "Que eu recupere a vista!",
responde o cego. "Vai, a tua fé te salvou". Com estas palavras
realiza-se o milagre, que faz brotar, da alegria de Deus, a alegria do homem.
Aqui se vê que a fé é verdadeiramente um dom de Deus, uma graça (cf. CIC 153),
mas é também «um ato autenticamente humano» (CIC 154), pelo qual o homem, de
modo livre e inteligente, confia em Deus e adere à sua Palavra. Aqui se vê, e
mais uma vez, que “no início do ser cristão, não há uma decisão moral ou uma
grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma pessoa, que dá à
vida um novo horizonte e um rumo decisivo” (DCE 1).
3. A fé traduz-se, por fim e sempre, num
caminho de seguimento de Jesus, tal como o de Bartimeu, que vindo à luz,
"começou a seguir Jesus no seu caminho": isto é, torna-se um
discípulo, e sobe com o Mestre a Jerusalém, para participar com Ele no grande
mistério da cruz, da morte e da ressurreição. A fé torna-se então, e para
sempre, uma “companheira de vida, que nos permite perceber, com um olhar sempre
novo, as maravilhas que Deus realiza por nós” (PF 15). Por isso, quem se deixa
fascinar por Cristo, quem foi iluminado por Ele no batismo (Hb 10,38) não pode
viver, sem dar testemunho da alegria de seguir os seus passos, sem anunciar a
todos, o amor de Deus, com o testemunho da própria vida.
Posto isto, valia a pena ficarmos em
silêncio e respondermos à pergunta do Papa, na sua primeira catequese, sobre o
Ano da fé: “a fé é verdadeiramente a força transformadora da minha vida? Ou é
apenas um dos elementos que fazem parte da existência, sem ser aquele
determinante, que a abrange totalmente”?
ORAÇÃO
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em
nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais, para
conseguirmos o que prometeis. Amém!
Editado por MFC ALAGOAS
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