“O CÉU E A
TERRA PASSARÃO, MAS MINHAS PALAVRAS NÃO PASSARÃO!”
Os textos de hoje nos falam do sol
que escurece, das estrelas que caem, dos anjos que convocam os escolhidos, dos
mortos que ressuscitam, do Filho do Homem que vem sobre as nuvens. Não podemos
permanecer de braços cruzados, esperando que as coisas aconteçam. Em
Comunidade, celebremos a força redentora que nos convida a viver a esperança e
proclamar entre as coisas passageiras aquilo que é definitivo.
33º
DOMINGO COMUM
1ª Leitura: Dn 12,1-3
Salmo Responsório: 15
2ª Leitura: Hb 10,11-14.18
Evangelho: Mc 13,24-32
EVANGELHO
Marcos 13,24-32
Naquele tempo, Jesus
disse a seus discípulos:
24Naqueles
dias, depois da grande tribulação, o sol vai se escurecer, e a lua não brilhará
mais, 25as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão
abaladas.
26Então
vereis o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. 27Ele enviará
os anjos aos quatro cantos da terra e reunirá os eleitos de Deus, de uma
extremidade à outra da terra.
28Aprendei,
pois, da figueira esta parábola: quando seus ramos ficam verdes e as folhas
começam a brotar, sabeis que o verão está perto.
29Assim
também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Filho do
Homem está próximo, às portas.
30Em
verdade vos digo, esta geração não passará até que tudo isto aconteça. 31O céu e
a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. 32Quanto
àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente
o Pai.
— Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Dom
Henique Soares da Costa
Bispo Auxiliar de Aracaju - Sergipe
LEITURAS DESTE DOMINGO: Dn 12,1-3 - Sl
15 - Hb 10,11-14.18 - Mc 13,24-32
Estamos no penúltimo
domingo do ano litúrgico, ano da Igreja. Depois de termos celebrado o Advento,
o Natal, a Quaresma e a Páscoa do Senhor, depois de mais de trinta domingos do
chamado Tempo Comum, estaremos encerrando domingo próximo, com a Solenidade de
Cristo Rei, o ano litúrgico. Dentro de quinze dias, entraremos num novo ano,
com o primeiro domingo do Advento, preparando o santo Natal. O tempo passa, a
vida passa... tudo passa!
Pois bem, é próprio da Liturgia,
nos últimos domingos do ano litúrgico, fazer-nos pensar sobre o fim de todas as
coisas; “fim” no sentido de final; mas também fim no sentido de finalidade e,
portanto, de plenitude. E nossa fé nos diz que a plenitude, o "fim"
de tudo é o Cristo Jesus: ele é o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, “através
dele e para ele tudo foi criado no céu e na terra” (cf. Cl 1,15ss), é ele quem, no final dos tempos, virá como “Filho
do homem, nas nuvens com grande poder e glória” (evangelho). Ou seja, Cristo morto e ressuscitado é a consumação e
a finalidade, a plenitude e o sentido de tudo quanto existe! Para ele tudo
corre, como o rio corre para o mar; e, no fim, ele entregará tudo a Deus, seu
Pai, na potência do Espírito Santo (cf.
1Cor 15,28)! Vejamos:
(1) Com a vinda do
Cristo, com seu aparecimento glorioso, toda a criação será transfigurada. É
isto que o evangelho deste domingo afirma numa linguagem simbólica,
impressionante, chamada apocalíptica: “O sol vai escurecer, e a lua não
brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão
abaladas”. Em outras palavras: este mundo como nós conhecemos será
transfigurado, será purificado de toda fragilidade, de toda maldade, de toda
tirania: “Vi então um novo céu e uma nova terra. Pois o primeiro céu e a primeira
terra passaram, e o mar já não existe” (Ap
21,1). A imagem é belíssima: passou o mundo antigo; o mar, símbolo do caos,
foi destruído. Aquilo que já começou com a ressurreição de Cristo, aquilo que
começou em nós com o Batismo acontecerá a toda a criação: “Se alguém está em
Cristo, é criatura nova. O que era antigo passou, agora tudo é novo” (2Cor 5,17). Que consolo, que beleza: o
mundo não caminha para o nada, para o vazio, para a destruição: por ocasião do
aparecimento glorioso do Senhor Jesus Cristo, tudo será purificado com o fogo
do Espírito Santo, será transfigurado, mais que nos dias de Noé, com a
purificação pela água: “O Dia do Senhor chegará como um ladrão, e então os céus
acabarão com um estrondo espantoso; os elementos, devorados pelas chamas, se
dissolverão, e a terra será consumida com todas as obras que nela se
encontrarem. O que esperamos são novos céus e nova terra” (2Pd 3,10.13). Mais uma vez, é preciso compreender: a linguagem é
apocalíptica! No fogo do Espírito Santo, no qual o mundo será julgado (cf. Jo 16,8-11), tudo que não foi amor,
que não foi segundo Cristo, será dissolvido; e o que foi amor, será
transfigurado, e teremos novos céus e nova terra, livres de todo o pecado e de
toda a maldade! Como não nos alegrar com tal esperança? Como não repetir,
agradecidos, as palavras do Livro da Sabedoria? “Teu grande poder está sempre a
teu serviço, e quem pode resistir à força do teu braço? O mundo inteiro está
diante de ti como um nada na balança, como a gota de orvalho que de manhã cai sobre
a terra. Mas te compadeces de todos, pois tudo podes, fechas os olhos diante
dos pecados dos homens, para que se arrependam. Sim tu amas tudo o que criaste,
não te aborreces com nada do que fizeste; se alguma coisa tivesses odiado, não
a terias feito. E como poderia subsistir alguma coisa, se não a tivesses
querido? Como conservaria sua existência se não a tivesses chamado? Mas a todos
poupas, porque são teus: ó Senhor, amigo da vida!” (Sb 11,21-26).
(2) Mas, não é só! A
manifestação gloriosa do Senhor será também o dia bendito da nossa
ressurreição. É verdade que, logo após a morte, na nossa dimensão espiritual, a
que chamamos “alma”, seremos glorificados da glória de Cristo. Por isso mesmo
São Paulo afirma: “Estamos cheios de confiança e preferimos deixar a moradia do
nosso corpo, para ir morar junto do Senhor. Por isso, também, nos empenhamos em
ser agradáveis a ele, quer estejamos no corpo, quer já tenhamos deixado esta
morada (2Cor 5,9). Aos filipenses, o
Santo Apóstolo confessava: “O meu desejo é partir para estar com Cristo” (Fl 1,23). Que ninguém duvide: nem a
morte nos separa do amor de Cristo (cf.
Rm 9,38): imediatamente após deixarmos este mundo, estaremos com o Senhor
na nossa alma. Mas, nosso corpo, somente será glorificado no Dia final, no Dia
da Ressurreição, quando toda a matéria for glorificada! É a este dia final que
chamamos Dia da Ressurreição: “Muitos dos que dormem no pó da terra,
despertarão, uns para a vida eterna, outros para o opróbrio eterno. Mas os que
tiverem sido sábios, brilharão como o firmamento; e os que tiverem ensinado a
muitos os caminhos da justiça, brilharão como as estrelas, por toda a
eternidade” (1a. leitura). Que imagem
impressionante! No Dia de Cristo, todos estaremos vivos no corpo e na alma.
Mas, há uma discriminação, uma diferença de destino, uma separação, um
julgamento: os que tiverem sido abertos para Cristo, com seu corpo e sua alma,
com todo o seu ser, estarão na glória de Cristo; os que se fecharam para ele,
já logo após a morte, estarão longe dele e, no fim dos tempos, tal danação será
também a do corpo! Que destino miserável, que sorte horrenda! Seria melhor nem
existir mais! Isto nos recorda a necessidade da vigilância, a necessidade de
nos abrirmos para o Cristo nos dias de nossa vida! Por isso mesmo Jesus previne
cada geração: “Aprendei, pois da figueira! Quando virdes acontecer estas
coisas, ficai sabendo que o Filho do Homem está próximo, às portas!
Esta geração não passará
até que tudo isso aconteça. Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém sabe, nem
os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai!”(evangelho). Jesus nos previne: cada geração deve estar atenta aos
sinais de Deus; cada geração deverá compreender que chegou o tempo, o momento
de decidir-se por Cristo ou contra Cristo, pela vida ou contra a vida! Vigiai!
Estai preparados! Cristo “sentou-se para sempre á direita de Deus” (2a. leitura); ele se ofereceu por nós.
Não recebamos em vão a sua graça, o convite que ele nos faz!
(3) Finalmente, a vinda
do Senhor será a glorificação de toda a Igreja, Comunidade dos eleitos de
Cristo: O Filho do Homem “enviará os anjos aos quatro cantos da terra e reunirá
os eleitos de Deus, de uma extremidade à outra da terra” (evangelho). Então, a Igreja estará plena, totalmente completa,
totalmente glorificada: “Vi também a Cidade Santa, a nova Jerusalém, descendo
do céu, de junto de Deus, vestida como noiva enfeitada para o seu Esposo.
Então, ouvi uma voz forte que saia do trono e dizia: ‘Esta é a morada de Deus
com os homens. Ele vai morar junto deles. Eles serão o seu povo, e o próprio
Deus-com-eles será o seu Deus. Ele enxugará toda lágrima de seus olhos. A morte
não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas
antigas passaram’. Aquele que está sentado no trono disse: ‘Eis que faço novas
todas as coisas!’” (Ap 21,2-5). Que
beleza: a Igreja será plenamente Corpo de Cristo, será plenamente santa no
Espírito de Cristo, será plenamente católica, pois abarcará toda a humanidade
salva, será totalmente una, pois toda a divisão trazida pelo pecado será
superada, será totalmente apostólica, pois construída sobre os doze alicerces,
que são os apóstolos do Cordeiro!
Eis a nossa esperança! Eis a nossa
certeza! Eis para onde caminhamos! Num mundo que dorme, vigiemos: “ficai
sabendo que o Filho do Homem está próximo, às portas!” (evangelho). Não durmamos, como os pagãos! Não somos da noite;
somos filhos deste Dia bendito: Dia de Cristo, Dia da Ressurreição, Dia da
Salvação: ‘Vós, meus irmãos, não andais em trevas, de modo que esse Dia vos
surpreenda como um ladrão; pois que todos vós sois filhos da Luz, filhos do
Dia. Não somos da noite nem das trevas. Portanto, não durmamos como os outros;
mas vigiemos e sejamos sóbrios! “Deus não nos destinou para a ira, mas sim para
alcançarmos a salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, a
fim de que nós, na vigília ou no sono, vivamos em união com ele” (1Ts 5,4-6.9-10). Não esqueçamos: a Luz
é Cristo, o Dia é Cristo. Vivemos na luminosidade dessa Luz, na perspectiva
desse Dia!
Que a certeza da nossa esperança em
Cristo preencha os pobres dias de nossa vida, para que vivendo bem neste mundo,
plantemos a nossa eternidade. A Cristo, Senhor dos tempos, a glória para
sempre. Amém!
ORAÇÃO
Senhor nosso Deus, fazei
que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos
felicidade completa servindo a vós, o criador de todas as coisas. Amém!
Editado por MFC ALAGOAS
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