3º DOMINGO
DO TEMPO COMUM
“CUMPRE-SE
HOJE EM MIM A PALAVRA!”
Aprendamos
hoje a atitude que Deus espera de nós diante de sua Palavra. Que a acolhamos
“de pé”, com decisão. E, principalmente, que Jesus nos ensine a pormo-nos de
imediato a cumprir essa Palavra. Com Ele, digamos: hoje está se cumprindo a
Palavra que estamos acabando de ouvir! E na Eucaristia, Ele nos dê força para essa
nossa pronta decisão.
LITURGIA DA
PALAVRA
1ª
Leitura: Ne 8,2-4a.5-6.8-10
Salmo
Responsório: 18B
2ª
Leitura: 1Cor 12,12-14.27
Evangelho: Lc
1,1-4; 4,14-21
EVANGELHO
Lucas 1,1-4;
4,14-21
1Muitas pessoas já tentaram escrever a história dos acontecimentos que se
realizaram entre nós, 2como nos foram
transmitidos por aqueles que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e
ministros da palavra.
3Assim sendo, após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu
desde o princípio, também eu decidi escrever de modo ordenado para ti,
excelentíssimo Teófilo. 4Deste modo, poderás
verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste.
Naquele tempo, 4,14Jesus voltou para a
Galileia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza.
15Ele ensinava nas suas sinagogas e todos o elogiavam.
16E veio à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume,
entrou na sinagoga, no sábado, e levantou-se para fazer a leitura.
17Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a
passagem em que está escrito: 18“O Espírito do
Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a
Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos
cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos 19e para proclamar um
ano da graça do Senhor”.
20Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Todos os que
estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele.
21Então começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura
que acabastes de ouvir”.
— Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Dom Henrique
Soares da Costa
Bispo Auxiliar de Aracaju - Sergipe
Há três aspectos na Liturgia da
Palavra de hoje dignos de particular atenção.
Primeiro. O evangelho apresenta-nos o
início da obra de Lucas. Aí tem-se uma dedicatória e uma apresentação da obra a
um certo “Teófilo”. E Lucas afirma expressamente que “após um estudo cuidadoso
de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo
ordenado para ti… Deste modo poderás verificar a solidez dos ensinamentos que
recebeste”. Estas palavras nos revelam a seriedade do testemunho dos
evangelhos. Não são fábulas, não são delírios! São, isto sim, um testemunho de
fé! Testemunho de quem crê, de quem tem razões para crer e querem fazer com que
outros creiam e creiam com razão profunda!
Num mundo de tantas verdades, de
tantas mentirinhas, de tantas seitas, lendas e mitos… Num mundo que virou um
enorme coquetel de religiões, onde cada um faz a sua, na sua medida e do seu
modo, na proporção e no gosto do seu comodismo, é preciso recordar que somente
em Cristo Deus revelou-se plenamente; somente Cristo é a Verdade do Pai;
somente ele, o Caminho para Deus; somente nele, a Vida em abundância! Mas,
ainda aqui, é preciso dizer mais, por mais chato que possa parecer! Cristo é o
único Caminho, Verdade e Vida… mas não qualquer Cristo! Não um Cristo
inventado, não um Cristo “meu”, do meu tamainho e do meu gosto! O Cristo que o
Pai revelou, o Cristo vivo e atuante, é aquele presente na Palavra guardada,
pregada e testemunhada pela Igreja com a assistência do Espírito Santo; é
aquele que se dá nos sacramentos da Igreja; é aquele presente na Igreja que no
Credo professamos como sendo única, católica e apostólica. Num mundo de tantas
dúvidas, Cristo presente na sua Igreja católica seja a nossa certeza, a nossa
segurança, o nosso rochedo!
Um segundo aspecto. Ainda o evangelho
de hoje, nos apresenta Jesus na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está
sobre mim, porque ele me consagrou com a unção”. Quando deu-se esta
consagração? No batismo às margens do rio Jordão. Há quinze dias meditávamos
sobre este mistério: o Pai, o Senhor, ungiu Jesus com o Espírito Santo como
Messias de Israel. E qual a sua missão? “consagrou-me com a unção para anunciar
a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos
cegos a recuperação da vista, para libertar os oprimidos e para proclamar um
ano da graça do Senhor”. Eis a missão de Jesus, o Messias: acolher, consolar,
perdoar, libertar, fazer viver. Mas, para que experimentemos Jesus assim, é
necessário que nós mesmos descubramos que somos pobres, que somos tão carentes,
tão limitados, tão pequenos. Quando descobrimos isso, quando vemos que o mundo
é assim, então experimentamos também que, em Jesus, Deus veio a nós, Deus
deu-se a nós, Deus estendeu-nos as mãos, abriu-nos os braços e aconchegou-nos
no coração.
É por isso que a pessoa, os atos e as
palavras de Jesus são Boa-nova, Boa-notícia, ou, em grego, Evangelho! E a
Boa-nova é precisamente esta: Deus nos ama, está conosco em Jesus; veio para
ficar, para permanecer para sempre na nossa vida e no coração do mundo!
Aqui entra, precisamente, o terceiro
aspecto da Palavra deste domingo: este Jesus permanece conosco na potência
sempre presente e atuante do seu Espírito Santo, presente de modo potente e
soberano na Igreja que Jesus fundou. Já no domingo passado, vimos que a Igreja
é a Esposa do Cristo, cheia do vinho abundante do Espírito Santo, que nela
suscitava tantos dons, tantos carismas, tantos ministérios, tanta vida. Pois
bem, a segunda leitura da missa de hoje insiste nesta idéia e aprofunda-a ainda
mais.
Porque Cristo ressuscitou e nos deu o
seu Espírito Santo, nós, como Igreja, desde o nosso Batismo, somos o Corpo de
Cristo: “Vós, todos juntos, sois o Corpo de Cristo e, individualmente, sois
membros deste Corpo”. É juntos, como Comunidade, como membros da Igreja, que
somos o Corpo vivo do Cristo; Corpo vivificado pelo Espírito Santo! É uma
idéia, esta, que deveria estar sempre diante de nós! A Igreja não existe por
ela mesma: ela vive do Espírito do Cristo; a Igreja não escolheu o Cristo: ela
foi por ele amada, por ele fundada, por ele escolhida e é por ele sustentada e
vivificada; o Cristo não pertence a Igreja: a Igreja é que pertence a Cristo e,
na força do Espírito é sempre amada e renovada por ele. Ele nunca vai
abandoná-la, nunca vai traí-la, nunca vai renegá-la!
E mais ainda: no seu Amor, isto é, no
seu Espírito, ele suscita no corpo da Igreja, que é o seu Corpo, tantos membros
diferentes, com dons e carismas tão diversos! É o que São Paulo nos recorda na
leitura de hoje. Ninguém pode ser cristão sozinho! Cristo não é salvador
pessoal de ninguém! Ele é o Salvador do Corpo que é a Igreja (cf. Ef 5,23)! Nós
somos salvos no Corpo de Cristo, enquanto membros do povo da Aliança, que é a
Igreja. Nesta, quem nos une é o Amor de Cristo e nela, cada um de nós tem uma
missão, uma função! Qual é a sua? Quais são as suas? Pai ou mãe de família,
educando novos membros para o Corpo de Cristo? Agente de pastoral engajado
diretamente na evangelização? Jovem que se esforça para dar um generoso
testemunho de coerência e amor a Cristo? Empresário, funcionário público,
empregado, que no seu trabalho procura ter um comportamento digno do Evangelho?
Qual o seu papel na Igreja? Rico ou pobre, forte ou fraco, jovem ou ancião,
todos temos como honra e dignidade ser membros do Corpo do Senhor, sustentados
e vivificados pelo Espírito do Senhor, destinatários da salvação e da
consolação que ele nos trouxe, do carinho e da ternura do Pai que ele derramou
sobre nós.
Desde domingo passado que a Palavra
vem nos questionando sobre o nosso modo de ser e viver nossa pertença a Cristo
e à sua Igreja. Pensemos, e não recebamos em vão a graça de Deus, para que, um
dia, possamos participar da vida plena daquele que Senhor que, feito homem por
nós, vive e reina para sempre. Amém.
ORAÇÃO
Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a
nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho,
frutificar em boas obras. Amém!
LEMBRE-SE:
“SE NÃO PARTICIPARMOS DA
MISSA, DE NADA VALE NOSSO ESFORÇO SEMANAL.”
Editado por Jorge/MFC ALAGOAS
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