terça-feira, 13 de agosto de 2013

CORREIO MFC BRASIL Nº 332

   
ENTREVISTA
MUDANÇAS NA IGREJA NÃO ACONTECEM COMO NUM PASSE DE MÁGICA
TRECHO DE ENTREVISTA DO PADRE MANOEL GODOY A IHU

Padre Manoel Godoy
"É interessante a observação que ouvi de quem esteve muito perto de todo o acontecimento da JMJ. Uma coisa é o discurso do Papa, outra a postura do clero presente: nada mudou. Os carreiristas continuaram buscando espaço de poder do mesmo jeito”, constata Manoel Godoy, padre, teólogo, em entrevista à IHU On-Line.

N
as falas do papa, enfatiza, ainda não é possível "delinear as linhas mestras de seu pontificado”, mas "alguns acentos, que poderíamos traduzir mais ou menos assim: ‘trabalhem, não se deixem amedrontar, dialoguem muito, sejam simples e testemunhem Jesus Cristo e sua Boa Nova por todos os cantos’”. A postura de Francisco demonstra que ele "não tem tanto preocupações com a ortodoxia, mas muito mais com a paralisia a que fomos submetidos”, avalia.

IHU On-Line - Que avaliação faz da visita do Papa? Já é possível vislumbrar as linhas mestres de seu pontificado?

Papa Francisco carrega sua própria bolsa
Manoel Godoy - Cada pessoa tem o seu perfil e o Papa Francisco marcou muito essa viagem com seu estilo pessoal: simples, franco e direto. A primeira vista, parece que há uma continuidade com o jeito do Papa João Paulo II, mas, olhando mais a fundo, percebem-se logo diferenças profundas. Enquanto no Beato os gestos tinham mais aparências teatrais, mais fabricados, em Francisco tudo sai muito natural, com aquela insistência em carregar sua própria bolsa de viagem. Por outro lado, Bento XVI, sua relação com o público, não deixava de transparecer seu enorme esforço por se mostrar simpático e agradável.

Saindo deste aspecto mais externo, o conteúdo das mensagens deixadas por Francisco precisa ser analisado com mais cuidado. São níveis diferentes, pois os destinatários variam enormemente: jovens, autoridades civis, hierarquia católica, jornalistas.

Não diria que é possível delinear as linhas mestras de seu pontificado, mas podemos ver alguns acentos, que poderíamos traduzir mais ou menos assim: "trabalhem, não se deixem amedrontar, dialoguem muito, sejam simples e testemunhem Jesus Cristo e sua Boa Nova por todos os cantos”. Já é significativo que ele incentive a todos a colocarem a mão na massa, sem medo. Há muito tempo estamos cercados por escrúpulos e medos, pois as ações na Igreja são sempre alvo de muita vigilância hierárquica. Parece que Francisco não tem tanto preocupações com a ortodoxia, mas muito mais com a paralisia a que fomos submetidos. Vamos ver até onde vai a liberdade de ação em seu pontificado, pois até agora estamos sendo desafiados a trabalhar sem medo. Esse clima de liberdade na Igreja é muito bom e poderá produzir frutos criativos em todos os segmentos eclesiais. Porém, os frutos desta visita ainda estão por vir. Mudanças na Igreja não acontecem como num passe de mágica. Há muitos filtros que se interpõem entre o que Francisco falou e a pastoral concreta na Igreja.

IHU On-Line - Quais foram os pontos mais relevantes do discurso do papa aos bispos da CNBB e do CELAM?

Manoel Godoy - Um dos pontos mais significativos que emerge destes discursos é a visão que Francisco tem da pessoa do bispo: homens simples, despojados, alegres, desapegados, na frente, no meio e atrás do povo (tudo ao mesmo tempo), não carreiristas, contentes com o lugar que ocupam, sem ficar aspirando outros lugares, que saibam guiar sem comandar, pastores e não mandatários. Pastores, próximos das pessoas, pais e irmãos, com grande mansidão: pacientes e misericordiosos. Homens que amem a pobreza, quer a pobreza interior como liberdade diante do Senhor, quer a pobreza exterior como simplicidade e austeridade de vida. Homens que não tenham "psicologia de príncipes”.

Outro ponto de destaque é sua visão de Igreja: capaz de derrubar as estruturas caducas, com um espírito mais pastoral que administrativo; com parâmetros baseados em novas culturas, não encarcerada numa mentalidade meramente rural; marcada pela ampla participação de todos os batizados, por meio de conselhos em todos os níveis; superando clericalismos de toda a ordem e funcionalismos; atenta as periferias existenciais e não centrada em si mesma. Uma Igreja com coragem de assumir o hoje que lhe cabe e não viver se refugiando no passado e nem no futuro. Francisco critica a postura de quem, perante os males da Igreja, busca solução apenas na disciplina, na restauração de condutas e formas superadas.

Destaco ainda um terceiro ponto: o papel dos leigos. Francisco deixa claro que a Igreja não pode continuar infantilizando os leigos e que isso, às vezes, acontece com profunda conivência dos próprios leigos. Desafiou a todos a desenvolverem alguns valores que revelam a mais profunda raiz cristã: espiritualidade, generosidade, solidariedade, perseverança, frater¬nidade, alegria. Insistiu nesta última, afirmando que o cristão não pode ser pessimista! Não pode ter uma cara de quem parece num constante estado de luto.

E o último ponto é sua visão sobre as ideologias, onde alertou para possíveis desvios, classificados como reducionismo socializante, ideologização psicológica, proposta gnóstica, proposta pelagiana. Alerta, porém, que não há uma hermenêutica asséptica. E sobre os desvios, é bastante incisivo quando fala sobre a desviação pelagiana. Afirma que ela aparece fundamentalmente sob a forma de restauracionismo. Na América Latina costuma verificar-se em pequenos grupos, em algumas novas Congregações Religiosas, em tendências para a "segurança” doutrinal ou disciplinar. Fundamentalmente é estática, embora possa prometer uma dinâmica para dentro: regride. Procura "recuperar” o passado perdido.

Manoel Godoy é graduado em Teologia pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção, São Paulo, mestre em Práxis Cristã pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - FAJE, Belo Horizonte. Foi assessor da CNBB por dez anos e membro da Organização dos Seminários Latino-Americanos, do CELAM/Bogotá. Atualmente é diretor executivo do Instituto Santo Tomás de Aquino – ISTA, professor do Instituto de Teologia Pastoral – ITEPAL, e do Centro Loyola, em Belo Horizonte.

QUANTO O MUNDO GASTA
EM ARMAS E GUERRAS?
Tradução: ADITAL


O
 gasto mundial anual em guerras ou na preparação de conflitos se aproxima a 1.8 trilhões de dólares, sendo os Estados Unidos o país que mais gasta, apesar da redução de seu orçamento bélico. Segundo os últimos dados, em 2012, o gasto militar estadunidense alcançou os 682 bilhões de dólares (39% do gasto mundial), apesar da redução de seu orçamento de defesa em uns 40 bilhões de dólares.

O Instituto Internacional para a Investigação da Paz de Estocolmo (Sipri, siglas em inglês), dedicado à investigação dos conflitos, das armas, seu controle e desarme, mostra, em seu último anuário, uma lista dos países com maior gasto militar em 2012.

O segundo lugar, depois dos Estados Unidos, mesmo com uma distância significativa, é ocupado pela China (166 bilhões), seguido pela Rússia (90,7 bilhões), pelo Reino Unido (60.8 bilhões) e pelo Japão (59,3 bilhões). O sexto na lista é a França (58,9 bilhões) e, a seguir, estão a Arábia Saudita, a Índia, a Alemanha e a Itália. O Brasil, a Coreia do Sul, a Austrália, o Canadá e a Turquia completam o "Top 15”.

No que se refere ao armamento nuclear, de acordo com o Instituto Sipri, no mundo há cerca de 8.400 ogivas nucleares, das quais 2.000 poderão ser acionadas imediatamente. No total, contando as cabeças que estão armazenadas à espera de ser destruídas nos arsenais das potências nucleares – EUA, Rússia, China, Grã Bretanha, França, Índia, Paquistão e Israel- existem cerca de 23.300 bombas nucleares.

CENA URBANA

O clima está tão politizado que ontem espirrei no ônibus, uma mulher disse: “Saúde!”. O motorista gritou: “Educação!!!” – e todos cantaram o Hino Nacional.

REFLEXÃO

A SALVAÇÃO É PARA TODOS
Pe. Eduardo Belotti
Assistente Eclesiástico do MFC de Maringá - Paraná

O
 Evangelho de Lucas ressalta a ação do Espírito Santo tão necessária para manter vivo o entusiasmo pela construção do Reino de Deus na Terra, Jesus Cristo vai agir com a força do Espírito Santo, em sua nova etapa na história da Salvação. É a Nova Aliança. Embora sendo Nova, Ele não nega a Antiga, Ele vai às Sinagogas para cumprir os ritos do Antigo Testamento. Jesus, o Salvador, concretiza a salvação através da libertação de todos os males da humanidade. Vemos assim que os pobres e os oprimidos são os primeiros da lista, no plano da Salvação. Eles são os protagonistas desta nova história. O mundo inteiro está incluído na Salvação, pois ela não é privilégio de um povo. Portanto, ela é para Israel e para todos os povos. A Salvação é Dom de Deus, por isso Ele diz: proclamar o ano da Graça. Deus no meio dos homens. Porém esta Salvação se realiza através da conversão e da perseverança. Jesus diz: O Espírito do Senhor está sobre mim... Jesus tem como objetivo ser e anunciar a Boa Notícia a todos. Ele quer devolver a vida a quem está excluído dela. Pretende libertar de todos os males.  É o seu projeto para a humanidade. Jesus encaminha a humanidade para uma situação de reconciliação e de partilha, que tornam possíveis a igualdade, a fraternidade e a comunhão. Shalom!

FRASES
Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado.
Roberto Shinyashiki
Imagine uma nova história para sua vida e acredite nela.
Paulo Coelho
Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida.
Platão
Perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes.
Carlos Drummond de Andrade
Somente quando encontramos o amor descobrimos o que nos faltava na vida.
John Ruskin
Se um homem não descobriu nada pelo qual morreria, não está pronto para viver.
Martin Luther King


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