Ir. Sibelle |
“Não fostes vós que me escolhestes;
fui eu que vos escolhi” (Mt 19,11)
Ir. Sibelle
Congregação Nossa Senhora da Caridade
do Bom Pastor
Maceió - Alagoas
D
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eus
nos chama de muitos modos e maneiras, segundo o seu desígnio e a sua vontade. O
Batismo é a fonte e o princípio de toda vocação. Pelo batismo nos tornamos em
Cristo, participantes do reino eterno, testemunhas da glória que há de vir, e
convocados a uma missão. A vocação universal à santidade é para todos os cristãos.
“Deus nos chama para a santidade” (1Ts,47).
O
ser humano é constantemente interpelado por Deus a encontrar o sentido pleno de
sua felicidade. E somente será plenamente feliz, ao descobrir sua verdadeira
vocação. Muitos jovens vivem inquietos, em busca de encontrar respostas para
seus dilemas. No entanto buscam preencher suas lacunas em coisas transitórias.
É na busca de um sentido para suas vidas, que muitas vezes se perdem no
caminho, e mesmo cansados de procurar, não encontram aquilo que no âmago de sua
alma anseia. Porque, na verdade o que eles desejam é o encontro pessoal com
Deus. Como afirma Santo Agostinho: “Meu
coração está inquieto enquanto não repousar em Deus”.
Todo
chamado implica uma resposta, que é feita na liberdade de espírito, e consequentemente
implica um compromisso. Esse momento de decisão não é um salto no desconhecido,
mas a ocasião para se tornar livre no cumprimento da Vontade de Deus. Responder
a uma vocação é dizer: “Eis-me aqui
Senhor” (I Sam 3,16), e assumir
as exigências dessa opção. “Quem põe a
mão no arado e olha para trás não é digno de mim” (Lc 9,62). É um lançar-se; rumo à meta, que é o próprio Cristo.
Faz-se, portanto necessário assumir com radicalidade o seguimento a Jesus
Cristo.
Para
expressamos nossa resposta ao seu chamado; Deus suscita na Igreja várias formas
de seguimento: Seja a vida sacerdotal ou religiosa, o sacramento do matrimônio
como uma missão na Igreja e na sociedade, como leigo consagrado ou ainda,
assumindo os diferentes ministérios. Como já mencionei todos os batizados são
convocados a doar suas vidas no serviço ao Reino de Deus, tornando-se assim “discípulos e missionários” como afirma
o documento de Aparecida: “Como
discípulos e missionários, somos chamados a intensificar nossa resposta de fé e
anunciar que Cristo redimiu todos os pecados e males da humanidade...” (Pag. 73)
Assim,
todos os escolhidos por Deus, que colaboram com uma missão na Igreja, procuram
no lugar onde estão, dar testemunho de Cristo. A proclamar que Deus nos amou
por primeiro, e nos deu seu Filho único para que todos possam encontrar a
salvação de suas vidas. E agora me detenho a falar brevemente de uma das
vocações que considero atraente, desde os princípios da história do
Cristianismo, destacando aqui os padres do deserto: Santo Antão, São Pacômio e
tantos outros. Mesmo em nossos dias este modo de vida vem fascinando e atraído
muitos jovens, que é a vida religiosa. Dentre as várias formas de viver o
seguimento de Jesus, a vida religiosa pela profissão dos conselhos evangélicos:
Pobreza, Castidade e Obediência por amor ao reino vêm ser sinal no mundo de que
é possível viver os valores cristãos, optando por uma vida simples, despojada,
na entrega e no abandono a Deus. “Os
conselhos evangélicos afetam a pessoa humana no nível das três dimensões
essências de sua existência e de suas relações: o amar, o possuir e o poder
[...] os conselhos evangélicos, vividos o mais autenticamente possível, têm uma
grande significação para todos os homens, já que cada voto dá uma resposta
específica às grandes tentações do nosso tempo. Mediante eles, a Igreja
continua mostrando ao mundo os caminhos de sua transformação em Reino de Deus”
(Conf. Orientação sobre a formação nos
Institutos Religiosos. Pag.18)
Os
religiosos procuram na vivência diária configurar-se com Cristo, que se fez
pobre, casto e obediente. Como nos diz o Pe. Hervé Soubias em seu livro: Como
discernir a vocação. “A vida religiosa
não se define primeiro em função da sua utilidade, mas em relação ao símbolo
que ela constitui; o testemunho dado do amor todo-poderoso de Deus [...] ela é
cumprimento pleno da graça batismal.”
E
aqui, vale ressaltar que existem duas maneiras de viver à vida Religiosa
Consagrada. Seja num estilo de vida apostólico, que segundo um carisma
específico de seus fundadores expressam diferentes serviços ao povo de Deus:
cuidado dos enfermos, dos abandonados nas ruas, na educação com a formação
integral das pessoas etc. Ou seja num estilo de vida contemplativo, seguindo
também a inspiração dada por Deus aos seus fundadores, vivem a dimensão orante
da Igreja. Com a sua vida de oração, se voltam totalmente à Contemplação,
imitando assim Cristo quando retirava-se para o cimo do monte para orar (Lc 6,1 ). A vida Religiosa
Contemplativa é para a Igreja, “uma fonte de glória e de graças celestes”. Como
expressa o documento pontifício Vita Consecrata, quando se refere a todos que
vivem a vida Contemplativa “Na solidão e
no silêncio, mediante a escuta da palavra de Deus, a realização do culto
divino, a ascese pessoal, a oração, a mortificação e a comunhão do amor
fraterno, orientam toda a sua vida e atividade para a Contemplação de Deus.
Oferecem assim à comunidade eclesial um testemunho singular do amor da Igreja
pelo seu Senhor, e contribuem com uma misteriosa fecundidade apostólica para o
crescimento do povo de Deus.” (Pg 24)
Percorrendo
todo esse caminho sobre a vocação, muitas coisas ainda poderiam ser
acrescentadas, no entanto nenhum conceito pode explicar o sublime dom de nossa
vocação. Tomando assim, o pensamento de nossa fundadora Santa Maria Eufrásia: “A nossa vocação é tão sublime, minhas
caras filhas, que só no céu a compreenderemos bastante’’ O “Sim” ao chamado é sem dúvida uma
resposta de amor ao sacrifício de Jesus por toda a humanidade. E todo aquele
que dá na autenticidade essa resposta pode afirmar: Encontrei o tesouro,
encontrei a felicidade. “Porque onde
está o tesouro aí está o teu coração” (Mt
6,21). E este tesouro é Cristo Jesus.
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