Dom Henrique Soares da Costa
Bispo Auxiliar de Aracaju - Sergipe
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bela exortação, que belo consolo, que injeção de ânimo, o evangelho: “Não
tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino”.
Como
nas nossas origens, vamos nos tornando cada vez mais um pequenino rebanho; o
Senhor nos vai purificando, vai fazendo Sua Igreja, a gosto ou a contragosto,
perceber que ela está no mundo, mas é diferente do mundo: seu modo de pensar,
de viver, de avaliar, de agir não pode ser aquele do mundo.
Efetivamente,
vamos nos sentindo cada vez menos compreendidos e menos à vontade na
bem-pensante sociedade atual. Somos, enfim, um pequenino rebanho; e a nós o
Senhor diz: “Não tenhais medo, pequenino rebanho!” O Pai nos quis dar o Reino –
e o Reino é o próprio Jesus, que nos envolve de vida e nos ilumina com seu
santo Evangelho! Não tenhais medo!
E,
então, Jesus nos exorta: “Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não
se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a
traça corrói. Porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso
coração”.
Que
palavras belíssimas: O Senhor nos convida à coragem de “vender” a vida,
“vender” nossos bens – isto é, relativizar tudo – para fazer de Deus o nosso
único absoluto!
Na
verdade, Jesus nos convida a esperar de verdade a Vida eterna, esperar de
verdade que um dia estaremos todos em Deus por meio de Jesus Cristo! O que
Jesus hoje os pede é a coragem de viver no mundo, mas sem ser do mundo, sem
meter o nariz neste mundo de modo a perder Deus de vista! Afinal, é tão fácil
absolutizar o relativo!
Ah,
irmão! Tenhamos – você e eu – a coragem de colocar realmente o tesouro de nossa
vida ali, onde a traça não corrói! A vida é preciosa demais para perdê-la com
bobagens! Mas, somente veremos isto se estivermos vigilantes, se na união
profunda com Jesus pela oração, pela escuta de Sua santa Palavra, pela fiel
participação nos sacramentos, mantivermos a saudade das coisas do Céu.
Aliás,
este é uma das carências da Igreja atual: ter quem nos fale do Céu, quem nos
faça sentir desejo do Céu, saudade do Céu!
Uma
Igreja que não saiba desejar, sonhar e se encantar com o Céu que o Senhor nos
prepara, perderá de vista o mais profundo de sua missão, errará o foco e tomará
por absoluto o que é apenas relativo – mesmo que seja coisa importante. Coisas
importantes com que se preocupar, a Igreja as tem; coisa essencial, somente
Jesus, que é nosso Céu, o Céu que o Pai nos deu!
E
estejamos atentos: esta saudade do Céu, esta sede de Deus não é uma alienação,
uma fuga da realidade, mas um ver a realidade com os olhos de Deus e, assim,
ver realmente, com realismo tudo quanto nos cerca é tudo quanto vivemos.
Por
tudo isto, não temais, pequenino rebanho: o Pai vos espera; dar-vos-á o Seu
Reino. Vale a pena sofrer e suportar contradições nesta vida; vale a pena
caminhar com o Senhor, como parte do Seu rebanho, que é a Mãe católica! Como
dizia São Bernardo de Claraval, nossa vida neste mundo é semente de eternidade!
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