sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

PALAVRA REALIZADA

Dom José Alberto Moura, CSS
Dom José Alberto Moura, CSS
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros

J
á, às vésperas do Natal, contemplamos o que acontece com o plano de Deus para a humanidade. Ele nos havia falado através da criação, da natureza e dos profetas, que sua aliança conosco seria em ordem ao amor, profundamente realizador. Isto supõe sempre a liberdade de aceitarmos ou não sua palavra orientadora. O não humano nos desgastou e nos colocou em nossa insuficiência. Sem Ele não temos base adequada de realização. Estragamos com o convívio, com a natureza e toda a sorte de promoção do bem de cada um.
Foi preciso que Deus pronunciasse outra Palavra, em seguida, para mostrar o rumo da vida dentro da compreensão de nosso ser humana. O Filho assumiu nossa carne e nos fala do jeito nosso para compreendermos a Palavra do Pai. Em Jesus temos a Palavra realizada e realizadora. É preciso escutá-la, aceitá-la, assumi-la e transmiti-la. Isso é a tarefa que o nascimento de Deus-humano nos apresenta. Jesus é a Palavra do Pai que se torna um de nós e nos vai indicando o caminho que leva à vida de plena realização. A história presente é de fundamental importância, com os cuidados de quem segue as pegadas do Filho, para acertarmos o caminho da vida.

Na conversa do anjo com Maria, anunciando sua maternidade em relação ao Filho de Deus, foi-lhe dito: “Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lucas 1,33). De fato, em toda a caminhada humana na terra, é preciso aceitarmos o reino do Filho. Só Ele nos dá garantia de vida plena e salvação na terra e para o céu. Quando Ele reina, há solidariedade, justiça, entendimento, compaixão, inclusão social, união de esforços para a promoção da vida, da família e do bem comum. A natureza é respeitada. Não há concentração de terra, de dinheiro, de fruto da ciência e da cultura nas mãos de alguns em detrimento dos demais. O exercício do poder e das vocações se dá na dimensão do serviço a todos. Ninguém passa necessidades. O caráter é cultivado para o bem. A mídia se torna um instrumento de promoção da verdade, da dignidade da vida, da família e da boa educação... Até se aprenderá com as plantas a necessidade de frutificação: “Da figueira brotam os primeiros frutos, soltam perfume as vinhas em flor” (Cântico 2,13). Recebemos talentos e devemos fazê-los frutificar em bem da coletividade.

No Filho Deus pronuncia sua Palavra definitiva. Acolhendo-a somos capazes de ser também pessoas de palavra porque assumimos a Palavra ou o Verbo feito carne. Vivemos, então, a vida nova que nos impulsiona a realizar o que Deus nos propõe. Nossa convivência se torna outra: de amor, respeito e promoção da dignidade humana, a partir dos mais deixados de lado. Tornamo-nos pessoas do bem, mesmo se isso exigir sacrifício, doação, disponibilidade, renúncias e superação do egoísmo. Cooperamos incansavelmente com a justiça e a paz! Com o Verbo feito carne também nos tornamos pessoas que dão vida e esperança para todos. Como o apóstolo Paulo vivemos a vocação: “É por ele que recebemos a graça da vocação para o apostolado” (Romanos 1,5).

Fonte: CNBB


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