SITUAÇÕES, AO MENOS, INUSITADAS
A atitude de um juiz de Porto Alegre, não permitindo a prisão de uma gang que vinha roubando caminhões e cargas naquele Estado, serviu para trazer à tona mais uma vez o problema prisional no Brasil. Não sou especialista neste assunto, mas, como curioso, fiquei fazendo algumas reflexões sobre essa realidade posta à vista.
Todas às vezes que se mostram presídios superlotados, e sem nenhuma condição humana de permanência, o coração fica partido. Embora partido mesmo fique o meu coração quando vejo um criminoso (que deveria estar preso porque já havia matado outra pessoa) dar um tiro na cabeça de uma criança de oito anos porque durante um assalto o alarme da casa soou.
Reflito também que o sistema prisional é feito apenas para pobres. Gostaria de ver naquelas celas superlotadas os criminosos de colarinho que permanecem assaltando o Brasil e que, ao serem flagrados (coisa muito rara), demoram pouco tempo detidos, mas em celas especiais com direito a cardápio constando até lagostas.
Recentemente estava ouvindo a entrevista de um especialista no assunto que, diante da gravidade do problema, apontava algumas saídas temporárias para enfrentar essa situação, aparentemente sem solução a curto e médio prazo.
Entre elas destaco duas, e a primeira já em execução em algumas localidades: rodízio de presos na cadeia. Num dia sai o fulano que matou uma criança, e no outro o assassino que matou a velhinha para roubar o dinheirinho recebido da pensão.
A outra, ainda mais estapafúrdia, seria a necessidade de se oferecer liberdade a um preso, sempre que for decretada uma nova prisão. Ou melhor, todas as vezes que um meliante for enjaulado, a sociedade receberá de volta um outro, talvez ainda mais perigoso.
Do jeito que essas gangs se articulam e comandam os crimes de dentro dos presídios teríamos, certamente, ordens para acelerar as contravenções no sentido de agilizar o “rodízio” e suborno para antecipar o lugar na fila.
Enquanto isso, a sociedade que paga impostos e que deveria receber do governo esse retorno em atitudes básicas, como é o caso da segurança pública, fica buscando alternativas, muitas vezes também inusitadas, para conviver dentro de um sistema que a torna refém.
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