CONTRARIANDO DRUMMOND
Estamos preparando a família para repetir uma viagem que fizemos no início de 2002. Lembro-me bem que foi logo depois da tragédia do World Trade Center. Aproveitamos as facilidades oferecidas pelas companhias aéreas, numa época em que as pessoas estavam amedrontadas para viajar, e embarcamos para uma deliciosa viagem à mágica cidade de Orlando.
Agora estamos curtindo o “tempo de espera” de uma nova viagem com o mesmo destino, e desta feita com um grupo ampliado. Somos, por enquanto, 21 viajantes. Dizemos que a motivação maior é apresentar toda a magia aos netos (não é verdade, isso é mesmo uma boa desculpa). Até Bubu vai voltar à terra do Mickey, nos seus quase 80 anos. Vai por isso pagar o dobro do valor do seguro e só terá direito a utilizar a metade, se dele precisar (com a saúde que ainda possui, a chance de adoecer é quase zero).
Como o grupo é enorme, os preparativos já começaram e várias reuniões vêm acontecendo de acordo com a etapa a ser vencida. No momento, já estamos com passagens compradas (aproveitando uma bela promoção), seguro e hotel negociado, e a parte mais trabalhosa, que é o preparo de passaportes e vistos, já em evolução.
A experiência anterior tem servido para nos orientar nos passos a serem dados, mas a ajuda competente de uma amiga (anjo) carioca, a Rachel Bassan, vai alinhavando e definindo as diversas etapas, todas comemoradas como verdadeiras conquistas.
Quando esperava o meu terceiro neto, o Vinicius, que agora completou um ano, falei no seu “tempo de espera” e fiz uma reflexão sobre a felicidade. Neste “tempo de espera” de nossa sonhada viagem, que só acontecerá no carnaval de 2010 (tempo bastante longo para as crianças, que todos os dias me perguntam se já está chegando), continuo refletindo que a felicidade exige esse “tempo de espera”. Chego até a pensar que a viagem poderá ser frustrante (não acredito), mas a curtição da “espera” é que vai construindo a felicidade. Quanto maior for a distância para a realização do objetivo, maior será a possibilidade de experimentarmos essa incrível sensação de felicidade. Paradoxalmente, quando lá chegarmos para aproveitar duas semanas, cada dia vivido, mesmo que muito feliz, será um dia a menos. É como se a felicidade alcançada fosse lentamente se esgotando. Assim, tenho refletido que a felicidade verdadeira reside mesmo nesse “tempo de espera”.
Por isso, dei a esta prosa o título de: Contrariando Drummond. Carlos Drummond de Andrade contextualizou numa simples frase um extraordinário conceito de felicidade: “ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”. Que me desculpe o poeta, mas: “viver o ‘tempo de espera’, quando se tem um bom motivo, talvez seja também uma forma autêntica de ser feliz”.
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Estamos preparando a família para repetir uma viagem que fizemos no início de 2002. Lembro-me bem que foi logo depois da tragédia do World Trade Center. Aproveitamos as facilidades oferecidas pelas companhias aéreas, numa época em que as pessoas estavam amedrontadas para viajar, e embarcamos para uma deliciosa viagem à mágica cidade de Orlando.
Agora estamos curtindo o “tempo de espera” de uma nova viagem com o mesmo destino, e desta feita com um grupo ampliado. Somos, por enquanto, 21 viajantes. Dizemos que a motivação maior é apresentar toda a magia aos netos (não é verdade, isso é mesmo uma boa desculpa). Até Bubu vai voltar à terra do Mickey, nos seus quase 80 anos. Vai por isso pagar o dobro do valor do seguro e só terá direito a utilizar a metade, se dele precisar (com a saúde que ainda possui, a chance de adoecer é quase zero).
Como o grupo é enorme, os preparativos já começaram e várias reuniões vêm acontecendo de acordo com a etapa a ser vencida. No momento, já estamos com passagens compradas (aproveitando uma bela promoção), seguro e hotel negociado, e a parte mais trabalhosa, que é o preparo de passaportes e vistos, já em evolução.
A experiência anterior tem servido para nos orientar nos passos a serem dados, mas a ajuda competente de uma amiga (anjo) carioca, a Rachel Bassan, vai alinhavando e definindo as diversas etapas, todas comemoradas como verdadeiras conquistas.
Quando esperava o meu terceiro neto, o Vinicius, que agora completou um ano, falei no seu “tempo de espera” e fiz uma reflexão sobre a felicidade. Neste “tempo de espera” de nossa sonhada viagem, que só acontecerá no carnaval de 2010 (tempo bastante longo para as crianças, que todos os dias me perguntam se já está chegando), continuo refletindo que a felicidade exige esse “tempo de espera”. Chego até a pensar que a viagem poderá ser frustrante (não acredito), mas a curtição da “espera” é que vai construindo a felicidade. Quanto maior for a distância para a realização do objetivo, maior será a possibilidade de experimentarmos essa incrível sensação de felicidade. Paradoxalmente, quando lá chegarmos para aproveitar duas semanas, cada dia vivido, mesmo que muito feliz, será um dia a menos. É como se a felicidade alcançada fosse lentamente se esgotando. Assim, tenho refletido que a felicidade verdadeira reside mesmo nesse “tempo de espera”.
Por isso, dei a esta prosa o título de: Contrariando Drummond. Carlos Drummond de Andrade contextualizou numa simples frase um extraordinário conceito de felicidade: “ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”. Que me desculpe o poeta, mas: “viver o ‘tempo de espera’, quando se tem um bom motivo, talvez seja também uma forma autêntica de ser feliz”.
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