domingo, 22 de agosto de 2010

21º DOMINGO DO TEMPO COMUM


Prof. Diácono Miguel A. Teodoro

Neste Domingo, somos convidados a celebrar a Eucaristia e, de modo especial, a refletir sobre as palavras de Jesus que nos apresenta, segundo o evangelista Lucas, dois caminhos aqui representados pela “porta estreita” e “larga”. O primeiro resume-se na opção pelo Reino, mas é um caminho de cruz; já, o segundo, a opção para as coisas do mundo e suas facilidades e, obviamente, com suas consequências contrárias ao Reino de Deus. Como cristãos, por qual caminho fazemos opção?

22/08/2010 21º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Cor Litúrgica: Verde
1ª Leitura: Isaías 66,18-21
Salmo: 116(117)
2ª Leitura: Hebreus 12,5-7.11-13
Evangelho: Lucas 13,22-30

EVANGELHO:
Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando na sua viagem para Jerusalém. Alguém perguntou:
- Senhor, são poucos os que vão ser salvos?
Jesus respondeu:
- Façam tudo para entrar pela porta estreita. Pois eu afirmo a vocês que muitos vão querer entrar, mas não poderão.
- O dono da casa vai se levantar e fechar a porta. Então vocês ficarão do lado de fora, batendo na porta e dizendo: "Senhor, nos deixe entrar!" E ele responderá: "Não sei de onde são vocês." Aí vocês dirão: "Nós comemos e bebemos com o senhor. O senhor ensinou na nossa cidade." Mas ele responderá: "Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal." Quando vocês virem Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus e vocês estiverem do lado de fora, então haverá choro e ranger de dentes de desespero. Muitos virão do Leste e do Oeste, do Norte e do Sul e vão sentar-se à mesa no Reino de Deus. E os que agora são os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos.

COMENTÁRIOS:
O texto deste Evangelho é formado por uma composição articulada de fragmentos de parábolas que são encontrados dispersos em Mateus. Não está em foco o aspecto atraente e grandioso do Reino, mas sim as dificuldades enfrentadas para nele entrar. Esforçai-vos por entrar pela porta estreita.
Lembrem-se que Jesus está a caminho. Observem, pois, essa é uma característica do evangelista. Jesus, com seus discípulos, caminham para Jerusalém, após exercer seu ministério na Galileia e nos territórios gentios vizinhos.

Em certo momento de sua vida, Jesus fez uma opção: decidiu anunciar em Jerusalém, centro político, social, econômico, cultural e religioso do povo judeu, mesmo sabendo que está ameaçado de morte. Ele escolheu a festa da Páscoa judaica, quando se reúnem enormes multidões de peregrinos na cidade.

No entanto, a caminho, Jesus continua a ensinar a seus discípulos, os quais, com sua formação tradicional, tinham grande dificuldade de compreender a Boa-Nova humilde e libertadora de Jesus. Nesse ínterim, alguém pergunta a Jesus se são poucos os que se salvam.

Devemos compreender que esta era uma questão em debate nos meios rabínicos, em que prevalecia a compreensão de que todo o povo de Israel,
enquanto filhos de Abraão, se salvaria, enquanto as nações gentias seriam destruídas e condenadas.

Nesse sentido, devemos nos reportar a João, o Batista que, em sua fase de anúncio e denúncias, colocou sua voz contra essa visão elitista, particularmente quando disse aos fariseus e saduceus que eles não se sentissem seguros em proclamar que tinham Abraão por pai.

Temos que ter a consciência do que importa para Deus são os frutos de justiça e de amor, que conduzem à comunhão de vida universal, sem barreiras ou exclusivismos. Aí, então, poderemos compreender o que Jesus vai dizer em relação à entrada no Reino, utilizando-se da metáfora da “porta estreita” e da “porta larga” ressaltando que o que contará são as nossas atitudes oriundas da opção que fizermos e, nos orienta ao enfatizar que a melhor opção que devemos fazer é pela “porta estreita”.

Mas, o que significa essa “porta estreita” aqui mencionada por Jesus? Como cristãos sabemos que não é fácil seguir a Jesus. Ele é muito exigente. Segui-lo significa ter que fazer muitas renúncias, abrir mão de muitas facilidades, é procurar agir e andar corretamente, é não fazer uso de privilégios em detrimento dos perseguidos e sofredores. Enfim, é fazer uma real opção pelas coisas de Deus, seu projeto de vida para todos, e vida plena e abundante fundamenta na justiça, no amor, na partilha, na solidariedade, na fraternidade, na igualdade, no bem comum, na dignidade etc.

A entrada no Reino se faz pela "porta estreita", mas o coração de Jesus não é uma porta estreita, mas, sim, ampla, aberta para acolher os que estão abatidos e oferecer-lhes um jugo leve e suave. A estreiteza da porta, conforme o evangelista Lucas, é a dificuldade dos judeus em se desapegarem de sua
segurança na Lei, da sua tradição racial e, as elites, das suas riquezas.

Israel, não entrando nesta porta, ficará de fora, enquanto os povos do ocidente e do oriente tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. O profeta Isaías já anunciara o chamado de Deus a todos os povos (primeira leitura). É pela conversão, produzindo frutos de justiça e paz (segunda leitura), que se faz a inserção no Reino.

Então, qual a nossa opção diante da realidade na qual estamos vivendo. Sabemos que mundo nos oferece inúmeras facilidades e, enquanto cristãos, fiéis seguidores de Jesus, temos a coragem de renunciar as facilidades do mundo, ou optamos por participar do Reino tendo como base a doutrina da “porta estreita”, mesmo sabendo que poderemos sofrer muito diante das dificuldades que se nos apresentarem em nosso cotidiano?

Compreenda melhor:

Porta estreita = renúncias, perseguições, opressões, dificuldades, desapego, partilha, justiça, anúncio, denúncia, cooperativismo, bem comum, desconforto, coerência, autenticidade, verdade, participação, serviço, disponibilidade, conflitos, igualdade, perdão, compreensão, diálogo, amor. Enfim, tudo que gera a vida plena para o outro.

Porta Larga = privilégios, jeitinho, corrupção, falcatruas, mentiras, enganos, falsidades, injustiças, individualismo, ganância, facilidades, conforto, incoerências, comodismo, apego, egoísmo, desigualdades, perseguir, oprimir, incompreensões, acúmulos etc. Enfim, tudo que gera a vida para si, mesmo que, para tanto, você venha a se tornar um instrumento propagador de situações de morte, ou seja, agir de maneira contrária às propostas do Projeto de Deus.

ORAÇÃO
Pai, conduze-me pelo verdadeiro caminho da salvação que passa pelo serviço misericordioso e gratuito a quem carece de meu amor.

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