Dom Aloísio Roque Oppermann, scj |
"Apreciar a oração como uma respiração
da alma"
Dom Aloísio Roque Oppermann, scj
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)
C
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onta-se
que Kant, o filósofo mais influente dos últimos 200 anos, reconhecia a
inteligência superior, presidindo a harmonia de todo o universo. Mas declarou
que, se fosse “apanhado” por alguém, dedicando-se à oração, sentir-se-ia
envergonhado. Eis aqui alguém que não descobriu o Deus pessoa, o amigo que pode
ser encontrado no mais profundo do nosso eu. Trata-se de um órfão, que se sente
apenas ligado à família humana, mas não sabe que o Criador o convidou a fazer
parte da família divina.
Isso
levou a humanidade a se pôr na resistência contra o diálogo com a divindade.
Uma pessoa emancipada é tentada a não rezar. “Um líder não se ajoelha”, dizem.
Imagina que tem nas mãos a solução dos problemas. Não precisa apelar a ninguém
para abrir caminhos. Mas o bom Pai não os abandona. “Cristo morreu também pelos
pecadores” (Rom 5,6).
É
mais do que certo que o ser humano não deve esperar as coisas caírem do céu,
como dádiva. Pura outorga. A orientação que recebeu é outra. “Mão trabalhadora
mandará; mão preguiçosa servirá” (Prov 12,24). É preciso acreditar em si e pôr
mãos à obra, com gosto e inteligência. Mas daí a abandonar a oração, como
desnecessária, vai uma distância absurda.
O
ser humano, dentro do universo visível, é o único que tem capacidade de entrar
em comunicação com o Ser Superior. Essa atitude benevolente com o “Pai Justo” é
capaz de encher a alma. Dá uma sensação de plenitude. Mas não tem vínculo
necessário com a consolação interior, ter o coração inebriado de alegria. As
pessoas que aprenderam a orar, não buscam doçuras. Mas são inclinadas a serem
pessoas que amam a justiça e a verdade, e não se subordinam a que outras
pessoas sejam injustiçadas.
Também
o verdadeiro orante tem fortaleza de ânimo, sabe onde quer chegar, e não se
deixa abalar por entraves e maquinações. E finalmente – é sempre a mestra Santa
Teresa que o ensina - quem descobriu o valor da oração torna-se uma pessoa
humilde, abandona qualquer arrogância, e sabe avaliar os pontos de vista dos
mais humildes.
Nós
todos devemos chegar ao ponto de apreciar a oração como uma respiração da alma.
“Mestre, ensina-nos a orar” (Lc 11,1).
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