quinta-feira, 3 de setembro de 2009


UMA MULHER NA REITORIA

O resultado de uma aguerrida eleição, cujo desfecho (independente de quem ganhasse) conduziria uma mulher para ser a nova reitora da Uncisal, foi conhecido. A comunidade, nos seus três segmentos, optou pela Rozangela.

Na eleição passada, que escolheu o primeiro reitor da Uncisal, escrevi nesta coluna uma prosa intitulada: olhando os dois lados. Nela, comentei sobre as qualidades dos dois postulantes, e defini a minha opção pelo que perderia a eleição. Este ano, fui procurado pelas duas candidatas, mas preferi olhar os dois lados sem nenhuma manifestação. Não que desejasse ficar em cima do muro (e não fiquei), mas porque antes de definir o meu voto, tive mesmo foi admiração pelo espírito de luta de ambas as candidatas. Quem se oferece para o sacrifício de postular um cargo dessa envergadura, merece aplausos. Assim, aplaudo a ganhadora com a mesma força que também aplaudo a “perdedora” (se é que houve).

Na última eleição tivemos um resultado muito apertado, que significou durante um bom tempo uma universidade dividida ao meio (perdedores e vencedores), e isso não foi bom.

Lembro-me quando fui candidato a diretor da Escola de Ciências Médicas (hoje Faculdade de Medicina da Uncisal), e minha concorrente foi a professora Cristina Câmara. Como em toda eleição, o clima foi bastante quente. Concluída a eleição, que apontou uma vitória minha com mais de 80% dos votos, tomei a seguinte iniciativa: fui procurar a professora Cristina em seu gabinete de trabalho e lhe fiz um convite para assumir a direção do antigo Hospital Escola Dr. José Carneiro. Nesse encontro, eu lhe disse que não podia abrir mão de uma pessoa com tantas idéias, e que finda a eleição o que restava era uma tarefa de construção, que não dava para dispensar ninguém. Ela até brincou comigo dizendo: “Marco, eu acho que você está louco”. Dentro do organograma da instituição, aquela função para a qual eu estava convidando a minha (ontem) concorrente, ocupava o mesmo nível.

Minha querida amiga Rozangela, o desafio que você vai enfrentar é enorme. A nossa universidade (por ser ainda muito jovem) foi mal avaliada pelo MEC. Você, que tanto se esforçou para entender os critérios dessa última avaliação, terá agora o poder de mando. Sei que você tem chance de formar uma bela e harmoniosa equipe. Sei que você tem um claro projeto de desenvolvimento institucional, avaliado e aceito pela comunidade e referendado pelo expressivo resultado das urnas. Sei também que a vida já lhe ensinou claramente o que tem, e o que não tem valor. Mas, receba um singelo conselho deste velho professor: não exclua ninguém de valor de sua equipe futura, mesmo aqueles que olharam circunstancialmente os dois lados, e momentaneamente se posicionaram do outro lado.

O trabalho que você terá pela frente nesses próximos quatro anos é maior do que a quantidade de aliados que você teve durante a campanha. Campanha é momento de discutir idéias (muitas vezes antagônicas). Depois da posse será momento de descobrir no antagonismo das idéias os laços de confluência para uma rica e sólida construção.

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